quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Emerson Leandro de Jesus Silva

Questões

A beleza de sorrir, Mesmo diante de imensuráveis problemas é loucura ou força?
A dor, É somente um silêncio corrosivo, ou muda inspiração?
O futuro, É somente uma estrada tortuosa e desconhecida, ou o resultado das escolhas feitas no hoje?
Amar, É uma busca insana de muitos, ou privilégio dantesco de poucos?
Viver, ainda que meio morto,
Cantar, ainda que meio mudo,
Sorrir, ainda que meio bobo,
Ouvir, ainda que meio surdo.
Olhar, ainda que meio cego,
Sentir, ainda que meio gélido,
Lecionar, ainda que meio leigo,
Chorar, ainda que meio lépido.
Amar, ainda que meio indecoroso,
Sonhar, com o longínquo, aqui perto,
Rimar, com sorriso o indicioso,
Temer, ainda que meio certo.


Justificativas

As guerras se justificam, por que somam ao poder,
Os erros se justificam, por que trazem aprendizado,
A dor se justifica, por que ensina a viver,
O amor se justifica, de acordo com o que é amado.

O caos se justifica, por que nos traz progresso,
O sorriso se justifica, por que nos mostra alegria,
O futuro se justifica, por que eu não o peço,
A noite se justifica, por que existe o dia.

A música se justifica, por que existe a tristeza,
O silêncio se justifica, por que nos traz reflexão,
Ela se justifica, por existir a beleza,
O adeus se justifica, por que existe a emoção.
O poema não se justifica, por que não quer se justificar,
Nem se justifica à vontade de não arriscar,
A vida não se justifica, por que seu codinome é mistério,
A justificativa não se justifica, por que se justificar não é algo assim tão sério.



GramaticAmando

Eu sou artigo indefinido,
Ela é pronome possessivo,
Eu oração subordinada,
Ela comparação metafórica.

Eu antítese,
Ela é hipérbole,
Eu sou prefixo,
Ela é radical.

Eu sou sintaxe,
Ele gentílico,
Eu sou pronome,
Ela é verbo intransitivo.

Eu sou poesia,
Ela é prosa,
Eu sou preposição,
Ela é tempo verbal.

Eu sou encontro vocálico,
Ela é hiato,
Eu sou reticências,
ELA É, ponto final.


Nos, segundo eu

Pra que ninguém ouça nossa canção
No toque suave de nossas mãos
Eu a escondo numa fração de pensamento,
E canto ela em silencio.

As notas são dadas por nossos passos
Por que embora superado tantos encalços
Não estamos certos se sabemos.
Não notamos que assim a fazemos.

Seus olhos buscam em volta o nada,
E a miudeza do seu corpo dá o tom.
A sua voz enche o vazio de um pouco de som.
E você empresta uma nova cor as fadas.
O som se enche de vazio
E não se sabe se o tempo ou o erro é que está certo.
Se o pensamento se esconde no sorriso
Mesmo de longe, ficamos perto


Sombras

Todos dividem a culpa passando-a ao inimigo invisível
Refletem, debatem questões e esquecem no soar de seus belos discursos
A força motriz que a pratica possui.
É que não os vemos, por isso não existem.

A minha amada, mãe e gentil Sede por força de minha insistência,
Um abrigo numa das calçadas escuras da cidade.
Eu descalço sujo e desnorteado
Sou igual a tantos sedentos, presos em seus rótulos engravatados.

Ali, a margem esquerda da sociedade falta pão,
Sobra fome, embora haja tanta luz e tanto nome,
Sigo falando no silencioso estender de mãos.

Dispenso a grana que possui, quero apenas dignidade
Suas moedas nutrem apenas a matéria,
Esta parte que insiste em viver mesmo sem razão..
.mas teus olhares ou teu silencio mataram a muito minh’alma.

Falta afago, respeito, Bom dia!
... nesta sombra descansa a sobra de um homem.


Emerson Leandro de Jesus Silva nasceu na região metropolitana de Salvador, na cidade de Camaçari. Teve uma infância permeada de acontecimentos comuns, dignos de uma infância normal: empinou pipa, brincou de gude e jogou futebol. Filho de Manoel messias Leão Silva e Maria Cecília de Jesus Silva, sendo o mais novo do total de quatro irmãos, foi criado por sua mãe a quem deve a base da formação do seu caráter e conduta ética. Uma forte característica de adquiriu desde de sua infância, foi a capacidade quase mágica de formular “por quês” e coube exatamente a sua mãe a paciência quase divina de responder a todos eles. No ensino fundamental, cursado todo ele em escola pública, nunca teve como se pode pensar um desempenho fantástico na escola, apenas manteve-se próximo das disciplinas de ciências humanas e foi justamente neste período que lhe foi aberto as portas para os caminhos da leitura, coincidindo com seu acesso ao ensino médio. Nas escolas Cidade de Camaçari, Luiz Eduardo Magalhães e José de Freitas Mascarenhas engajou-se ativamente na formulação dos grêmios estudantis, participou de movimentos socais de diversos segmentos, esteve presente em ong’s e na seqüência lógica proporcionada por essas experiências, adquiriu uma consciência critica e foi inevitável não expressar seu modo de ver a vida, o modo escolhido pra que isso acontecesse foi a escrita; e só então aos 15 anos inicio sua jornada na criação de textos poéticos, passando a criação de contos publicando artigos em revistas culturais eletrônicas como o Caeba e teceu esquetes teatrais. Desta fase de alta produtividade nasceu trabalhos como O legado (romance policial em prosa), Um Retirante na Cidade ( critica social em prosa) e Expoemas (este ultimo em versos) atualmente trabalha no funcionalismo publico na biblioteca Jorge Amado ligada a secretaria de cultura do município de Camaçari.

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