quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2005 - Textos Márcio César Pelisson

Origens

De um velho canto
De demônio
Que dizia: fogo
Mas: água
É que se criou
O
Espírito do luar.

De um velho canto
De anjo
Que dizia: asas
Mas: chão
É que se criou
O
Espírito da terra



Elegia as sombras

Por que a morte vem muito antes da morte
Por que as flores secam muito antes que flores
De onde virá essa plena certeza?
Esse rápido gozo sob um pequeno palmo vegetal?

Por que a morte vem muito antes da morte
E o sonho morre muito antes do sono
De onde virá essa dança funérea dançada em vida
Onde anjos e demônios comungam de algo perdido
Uma tocha? Um tesouro?
Ou fino cristal perdido na chuva?



As Putas São Santas

As putas são santas perdidas no mar dos desejos eretos
Branca a porra e a noite
Branca a lua e a noite
Branca a lira e a morte
Branca a lua e a sorte
Branca a palavra e a dança
Que mal há em se amar
1, 2, 10, 1000... 100.000,
1.000.000 ou mais?
Uns poucos dias a mais ou a menos nada contam
Na vastidão do nada
Viva as putas!
Porque podem cobrar
Mas cobram apenas seu preço, não sacrificando,
Como o rei e seus amigos,
O restante do povoado do sol.


Márcio César Pelisson - Nascido em 1972, escreve desde os dezenove anos. Autor dos livros de poemas “Alarde”, 1996, e “Vênus e Outros Poemas”, 1988, ambos pela Scortecci Editora, São Paulo. Menção Honrosa com o poema “999”, no Mapa Cultural em 2005.

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