quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Vivaldo Almeida de Jesus

Janela


A fresta da janela anuncia o amanhecer
A luz irradia clareando o quarto.
É mais um dia que tenho para agradecer.
O trabalho me chama, sim, é verdade, mas,
Daquele pouco tempo que tenho na cama
Preciso para me espreguiçar,
Pois não tenho mais tempo a perder.
Nutrir-me preciso.
Portanto, sem trabalho não tem alimento nem lazer.


Vivaldo Almeida de Jesus é poeta e escritor, embora nunca tenha publicado seus trabalhos, por modéstia e por falta de oportunidades. Seus temas preferidos são o amor e reflexões sobre a vida.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Vanise Vergasta

O PLÁGIO DO AMOR

Pai vosso que estais no céu. . .
E aqui neste Evento maravilhoso!
Santificado seja o vosso nome. . .
E a pessoa de Valdeck Jesus.
Venha a nós o vosso reino. . .
E todo esse reino que se inicia
Seja feita a sua vontade
Assim na terra como no céu. . .
Nessa hora bentificada. . .
O pão nosso de cada dia. . .
Nos daí hoje, perdoai nossas dividas
Fazei com que nunca Ele nos deixe de amar
Assim com nós perdoamos. . .
Porque Valdeck, nós te amamos. . .
Aqueles que nos tem ofendido. . .
Porque o seu amor nos transmite paz
Não nos deixa cair em tentação. . .
Sou eternamente grata a Deus por ter ti conhecido
Mas livrai-nos do mal, que assim seja. . .
Agora a minha vida tem um outro sentido. . . Amém! ! !


Para Valdek Almeida de Jesus


Vanise Vergasta é uma estrela que está revolucionando a literatura baiana e brasileira. Sua primeira participação em livro foi na Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus – Vol. I, agora já participando da segunda edição e também divulgando seus trabalhos na revista ART POESIA e realizando trabalhos em faculdades de Salvador e interior do estado da Bahia. Tem vários livros no prelo e promete lançá-los em breve.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Valdecy Almeida de Jesus

SER LIVRE É...

Sonhar
Viver
Sentir e acreditar
Querendo sempre
O melhor da vida

Valdecy Almeida de Jesus é poeta e escritora. Como todo poeta iniciante, não gosta de mostrar seus trabalhos, mas com incentivo de amigos e da família, está despontando agora para o mundo literário. Formada em Magistério, é dona do lar e batalhadora na vida.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Valdeck Almeida de Jesus

Você


Você e o mar
Maré, água, areia
Arraia, ondas, maré
Ondas, você e o mar.

Amo as ondas
O mar, a areia,
A maré alta (cheia)
Maré vazante (amante)
O movimento
Que me impulsiona a você...

Você é o mar
Amo o mar que é você
Inconfundível, inconquistável,
Infinito, profundo...


Salvador, 25 de junho de 2006
Praia de Cantagalo, vendo o mar



Mário Quintana

É a própria essência da poesia
Contida num prematuro nascer
É a forma da palavra
Traduzida em carne, osso e ser.

É a aspereza do frio
Aquecido pelo pensar
É a inquietude da alma
Que teima em inquietar.

É o Brasil despertando
Gritando para espalhar
Sua gana de escrever

Que a vida tem valor
Que o pensar tem calor
Para a todos aquecer.


11 de Março de 2006

Valdeck Almeida de Jesus é funcionário público federal, nasceu a 15 de março de 1966 em Jequié/BA, onde viveu até aos seis anos de idade, quando foi residir na Fazenda Turmalina, região de Itagibá/BA.

Suas habilidades na área literária valeram Menção Honrosa em 1989 no 1° Concurso Nacional de Poesia, promovido pelo Instituto Internacional da Poesia, de Porto Alegre/RS e no Concurso Literário Oswald de Andrade, promovido pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em 1990, na cidade de Jequié/BA. Possui poemas publicados em mais de dez antologias, no Brasil e no exterior.

É membro da União Brasileira de Escritores – UBE. Participante ativo da Diretoria Regional do Partido Comunista do Brasil, em Jequié/BA, em 1987 foi eleito o primeiro diretor de imprensa do Grêmio Estudantil Dinaelza Coqueiro, do Instituto de Educação Régis Pacheco, sendo o fundador do jornal Jornada Estudantil.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Tereza Neumann Ferreira de Assis

Adversidade à diversidade

Mundo de discriminações injustas e radicais,
contra negros, feios, pobres e homossexuais,
eles chamam de minoria, só por serem desiguais.
Como pode essa gente, de uma mente doentia e incoerente, achar que essas pessoas, nasceram por sua vontade, diferentes? ser assim é por direito, não podem mudar o que já está feito.
É tão fácil discriminar, díficil é pra quem passa a dor do preconceito.
Deus fez esse mundo, com tantas diferenças...
homens e mulheres, brancos e pretos, feios e bonitos, heteros e homos, pobres e ricos, é essa diversidade, que torna o mundo mais bonito.
Imaginem, se as diferenças, fossem tratadas com igualdade, de certo que teríamos, paz na humanidade.



Maldita dura Arrogância

O homem desferiu-me um golpe com o olhar, um olhar como se fosse um choque elétrico, mediu-me de cima a baixo, franziu o cenho, porque eu estava maltrapilha, só faltou jogar-me aos cães, sua matilha.
Pus-me a desnudar minhas vestes pestilentas, eu, em estado físico perfeito, olhei o sórdido homem, vestido num sobretudo, portando um medalhão de ouro.
Imaginei ele desnudo, epidermicamente murcho, exibindo tanto luxo...
a ironia e o orgulho, acaba pra todo mundo, que faz fezes como eu. Que valia tinha o homem?arrogante, pobre homem... bebe todo dia, o drink da soberba, enquanto tiver amigos, brinde com eles o orgulho e beba do seu castigo... meu olhar em flashes de ternura, derrubou o vil semblante.
De mente doente, de ouro semente, achava-se o dono do mundo... de sordidez malfadada, de altivez derrubada, só fezes pra enterrar aquele homem... o luxo comido, pelos vermes do lixo, nem luta por luto, pelos amigos!



Felicidade, essa desconhecida...

Tarde,todas as matizes de cor, meu dia colore, a alegria faz festa dentro de mim, circos com palhaços metafóricos, discos com acordes de sonata, dia singelo e bonito, íntimo ser que contagia.
Abro os braços pra liberdade, naquela praça em cores, coretos e bandas liláses, orquestram sons de rouxinóis... grito pra todos, sorriam! abracem os raios do sol.
Deitem na relva, assobiem qualquer melodia, recitem uma poesia, pra saudar o girassol.
Não quebrem o encanto do dia, a felicidade, vem de tempos em tempos, este momento quero guardar... subo no mais alto edíficio, abro meus braços e grito, hoje, a felicidade,veio me procurar!


Épocalipse

Pressinto com o professor jucelino, premonitor dos nossos destinos, seus sonhos reais, mostram-lhe nosso futuro fatídico, sonhos que querem nos acordar... nestes destinos, precisamos ter tinos, se quisermos um feliz despertar.
Acabar nossos desatinos, ouvir o nosso divino, reflorestar nossas florestas, despoluir as nossas águas infectas, refazer o que já foi desfeito, fiscalizar nossos horizontes, antes que o fiscal nos aponte o mal.
Cercear depredações, acabar as ambições, senão viramos prisioneiros, da fúria dos furacões.
Ah, professor, os céticos não querem enxergar, que fazermos pra que acreditem, antes do planeta acabar? as paineiras assustaram-se, os pássaros ficaram tristes, o mar bate suas águas,
indomável ele insiste, o sol tornou-se brasa, queima o nosso arrebol, suores escoam na testa, ninguém impede o furor, políticos falam asneiras, só sei que nesse terceiro milênio, o terço será nossa bandeira!

Tereza Neumann Ferreira de Assis, nasceu em 1954, município de Inhambupe/Ba, filha de Francisco Guedes de assis Junior e Rosália Ferreira de Assis, formada em Magistério, tendo trabalhado 27 anos na COELBA e aposentado-se nessa Empresa no ano 2002. Lançou alguns textos na Antologia de Escritores Brasileiros-3ª Edição próxima do lançtoº da Antologia Escritores Brasileiros 4ª Edição e escreve no site www.recantodasletras.com.br.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Silésia Luzia dos Santos

A ti Alteza

Bebeste a luz do sol
Levaste minha paz
Sou barco no remo
Buscando meu cais.

A prata da lua
Levaste contigo
Então me esqueceste
Só e sem abrigo.

Carregas o mistério
De milhões de vidas
O silêncio da espera
O afã da chegada
A dor da partida.

És minha lucidez
Loucura incontida
Paradoxo infinito
A sábia insensatez
A paz e o conflito.

Silésia Luzia dos Santos é uma poetisa de Diadema/SP que escreve desde tenra infância. Ela canta e encanta com sua graça poética, sua forma especial de utilizar as palavras para exprimir seu ponto de vista da vida.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Sandra Lima Costa Melo

MEDO DE VIAJAR

Desfiz as malas.
A viagem foi adiada, tive medo de ir porque o ônibus parecia inseguro.
Pensei em arriscar, cheguei a subir os primeiros degraus e avistar minha poltrona.
Mas a covardia me fez voltar, desistir de tudo.
Joguei-me no sofá arrasada, sentindo-me fraca e pequena. Vontade de estar lá, mas sem correr os riscos da estrada.
Talvez nem fosse tão inseguro assim...
Poderia ser a minha viagem mais gostosa, mais fascinante...
Quem sabe contemplaria horizontes que só aquele dia teria pra mostrar ou me sentaria com alguém interessante que me puxasse uma conversa envolvente enquanto eu desapercebia os riscos da viagem...
Tenho vontade de ir...
Prefiro nem saber que a viagem foi boa, que todos a desfrutaram enquanto meu medo jogou-me neste sofá paralisada e indecisa.
Enfim desfazer as malas pra evitar lembrar do meu fracasso em enfrentar a vida e desafiar minhas fobias...
E mal abro o zíper da mala, a frustração me toma
...meus sonhos estavam ali, arrumados com tanto carinho achando que desembarcavam no destino combinado.
Tive vergonha deles por que eram muitos e eu mesmo os arrumei com a promessa de que iriam para o mundo real...
Pesava leva-los, eu já sabia
mas garanti que os levaria comigo e que os faria realizados.
...não fosse o medo de viajar...
Escondo a face, fecho a mala e digo que vou no próximo horário pra que eles permaneçam em minha mala pacientemente esperando por mim.
Só agora percebo q não reparei se eles tem validade,
alguns podem se desfazer com o tempo...
Prefiro não voltar a olhar e me contenho aflita
não sei se brigando com o tempo ou comigo mesma.
Tenho uma vontade imensa de colocar as mãos em meu íntimo e arrancar de vez este medo paralisante.
Mas vejo que as mãos são frágeis e a fonte da minha coragem está no meu desejo que pouco a pouco podei com minhas próprias mãos...
Ergo-me do sofá e olho o jardim
de onde uma luz parece brilhar diante dos meus olhos:
as roseiras cresceram muito e faz pouco tempo que foram podadas...
- Sou maior que elas, me animo!
...tudo aquilo que podei, voltará a crescer, se eu quiser...


Aborto

Silêncio na madrugada...
Acordo sentindo a perda do meu primeiro filho;
aquele que gerei em meus sonhos e sentia nos meus pensamentos.
- Não quero perdê-lo! grito desesperada quebrando o silêncio da madrugada enquanto uma dor rasga-me profundamente e fecho os olhos para não vê-lo sair...
...tão lindo menino fecundado num ninho de amor e violenta paixão que me arrebatou à imaginação que o fez existir...
Sotaque estranho, sangue tranqüilo, bebê perfeito.
Fruto do amor mais desmedido e encantador que se possa viver.
... queria nascer, queria olhar o mundo e transformar o corpo e a vida daquela que pretendia ser mãe.
- Não posso olhar seu rosto, filhinho. Não aceito aborta-lo dos meus pensamentos porque te criei pra nascer e preciso da tua companhia...
( ninguém mais ouve meu grito.Se ouve, ninguém pode socorrer...)
Sinto-me pequena enquanto entendo que meu filhinho se vai...
Morreu nos sonhos, deixou-me desalentada.
Quisera eu traze-lo de volta, arranca-lo dos sonhos e dar-lhe vida meramente com a força do meu pensar...
- Seu pai abriu mão de trazer-te – digo baixinho. – Li esta frase e nela não marcava o dia de voltar...
...talvez nunca volte.
Perdoa filhinho...
Sua mãe também sofre porque um pedaço dela morre contigo;
levas embora um sonho colorido no qual tua mãe usou as melhores tintas para pintar...
Descansa tranqüilo, tu sempre será único.
Tua mãe te fará existir na memória
Vivo, forte e lindo!
E te eternizará nas inúmeras linhas em que tiver de contar esse amor...

Sandra Lima Costa Melo (Sandra Melo) nasceu em 29 de fevereiro de 1976 na cidade de Serrinha, interior baiano.
De personalidade introvertida e centrada sempre encontrei na escrita a forma ideal de expressar minha sensibilidade aos detalhes que marcam coisas, eventos e pessoas. Logo na infância, meu sonho era escrever um livro, mas somente agora resolvi perseguir o meu sonho. Estou tentando editar uma Biografia que escrevi há dois anos e fiquei feliz por conhecer a sua iniciativa que acho ser uma forma brilhante de divulgar o nosso jeitinho baiano de viver.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Roberto Mauro Thomaz

Cor Ausente

(Para Patrícia Setúbal)
Depois da chuva
Saí para ver se o arco-íris no céu estava
Permaneci olhando por sessenta minutos, e nada.
Quando desanimado, cabisbaixo, triste iria embora.
Você chegou,
Simultaneamente o arco-íris
Então como em um passe de mágica compreendi
Tu és a cor que faltava.



Relacionando

Muitas famílias estão fragmentadas
Sofrem de inapetência de amor
Pai está contra o filho
Tornara-se algoz esquecendo que é progenitor.

A ternura sucumbiu à rotina
O lar é campo de genocídio
O urubu é adotado como animal de estimação
Preteriram o piprídeo.

Ninguém suporta conviver em um ambiente lôbrego
Hospedar a tristeza, até quando?
É melhor alimentar-se do gerúndio
E apreciar os entes humanos se relacionando.

Jesus ordenou-me que para segui-lo, a família deveria aborrecê-la.
Mas não disse para desmerecê-la, e jamais me ordenou esquecê-la.


Roberto Mauro Thomaz participou em 2004 da antologia do quinto concurso de poesia da universidade Federal de São João del Rei. No ano de 2005 foi agraciado com uma menção honrosa no primeiro concurso literário poeta Audifax Amorim na cidade de Colatina, Espírito Santo. No ano de 2006 ficou em segundo lugar no concurso literário promovido pelo site Autores e Leitores com uma crônica.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Oleg Andréev Almeida

O amor não morre...

O amor não morre,
O amor não cansa,
Com os anos não se desbota.
O amor perdura,
Resistindo firme
A qualquer mudança que seja.

Quem amou, procura,
Pela vida afora,
Do amor errado livrar-se!
Não consegue, mesmo
Se o seu passado
Duma vez por todas renega.

O amor é bênção,
O amor é praga,
Feito um anjo sujo de enxofre...
O amor nos fere
E de ter ferido
Nem brincando pede desculpas.

Oleg Andréev Almeida, nasceu em 1971 na Bielo-Rússia e veio a radicar-se no Brasil adulto. Desde então mora em Brasília e trabalha como tradutor. Os versos dele são escritos em duas línguas bem diferentes: em português e em russo.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Nathália Pacheco Figalo

Delírio

Artista, de faces puras...
Onde vais transcrever a vida?
Com um poema – um dilema
Por que brilham teus olhos ardentes?
(Descansas a febre que ocultas...)

Artista, de gemidos frementes...
Quem escuta o teu clamor?
Com um desenho – um profano
Como preenches a luz da aurora?
(Descansa a paz eterna...)

Artista, quem tu és? O delírio?
Eu sei...
És sílabas,
Que me custa soletrar;
Palavras, que não posso interpretar.

Nathália Pacheco Figalo escreve desde criança e participou do Concurso Poe Santos realizado em Santos/SP ficando em 2º lugar na categoria Infanto Juvenil e 1º lugar em Interpretação.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Mírian Freitas

À Terceira Margem

No meio de tudo, sou árvore.
Tenho raízes e dou frutos.
Frutos sem nomes:
prósperos.

Mesmo na inutilidade
das palavras e dos gestos, um assobio rouco
me traz à sanidade absoluta do que não-sou.

Durmo amarrotada pelas ausências da memória
anterior à hora de um dia antes de hoje.
Quando amanheço, resmungo a falta de tempo,
são os indícios da velhice.

As rugas rimando terço com berço.

E então antes do meu recomeço,
sei que envelheço na esfera vermelha do fruto
desbotado em um galho antigo
da árvore.


Mírian Freitas, nascida em Caratinga, MG, onde cursou Letras na FAFIC. Especializou-se em Literatura Brasileira pela PUC-MG. Atualmente reside e leciona nos Estados Unidos. É autora do Livro de contos Intimidade Vasculhada (7Lettras/Imprimatur-RJ)
mfreitasbrazilmg@aol.com

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Maria Socorro Teixeira de Castro (Florzinha)

MÃE TERRA


Mãe terra, tudo que existe em ti
encerra todas as grandezas do amor,
que foram moldadas e criadas
pelas mãos do Salvador.


Terra mãe que nos dás o sustento,
é o teu solo que nos dá alimento prá nossa fome matar,
e são tuas águas refrescantes e cristalinas,
que nossa sede faz saciar.


Terra de lindas cores, és o nosso próprio pulmão,
é o verde das tuas florestas,
que nos dá o ar tão puro,
que faz respirar o coração.


O teu sol lindo e brilhante
com seus raios à espalhar,
o calor que precisamos,
se doa todos os dias, prá nossa vida encantar.


Homens e animais de toda espécie,
o sol, a lua , a chuva e o mar,
são todos teus filhos ó Terra,
e, juntos deviam te proteger e te amar.




EU E VOCÊ


Eu e você, dois corpos um só prazer
Sedentos de desejos e de tesão,
você e eu, duas almas um só coração
Que se amam com loucura,
E se devoram com paixão.

Eu e você, dois corpos em um
Famintos de sexo e de prazer,
Para tí eu me desnudo
E sinto teu corpo tesudo.

Eu sou teu fruto delicioso,você, meu pecado gostoso,
Eu me abro para tí como uma flor
você me penetra e me enche,
Com o mel do gozo do teu amor.

Eu e você, depois de um delicioso gozar
Corpos abraçadinhos querendo repousar,
Eu te abrigo, você me abriga
E como dois cansados passarinhos,
abraçados, adormecemos no ninho.


FANTASIA SEXUAL

Eu hoje vou te amar
De um jeito bem diferente,
Vou te sentar no chão
Algemar as tuas mãos
E ficar nua na tua frente.
Vou provocar o teu corpo
Te deixar louco de tesão,
Vou chupar a tua boca
E te ver rolar pelo chão.
Vou mostrar-te o meu corpo excitado
Como uma fera indomada,
Vou fazer-te sentir o perfume
Do meu sexo bem molhado.
Vou deixar a minha língua
Passear no peito teu,
Quero ver teu sexo durinho
prá comer o corpo meu.
E depois de ver teu corpo
Em gemidos delirar,
Quero sentir na minha boca
O doce mel do teu gozar !!!

Maria Socorro Teixeira de Castro (Florzinha), nascida em Fortaleza/CE, formada em Pedagogia e com 53 anos, com toda sua sensibilidade poética, a autora consegue repassar a emoção transmitida pelo exame introspectivo dos grandes temas do cotidiano.
Suas poesias , são retalhos de vida , e verdadeiras pétalas de rosas que guardam grande empatia com a vida e suas metamorfoses.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Márcio Dison

COLHEITA

Plantei sementes de versos em enormes vasos
coloquei-os ao sol protegidos do vento.
Afaguei brotos de letras como quem ara a terra
preparei o solo para vê-lo fértil, palavras geradas em cada sulco.
O regalo da alma: adormecer cada manhã
controle biológico da área revolvida.
Retirar frases feitas , jogos de palavras , rimas frágeis
ervas daninhas que, insistentes ,singram superfície umedecida.
Os versos surgem como que por encanto
a mágica criatividade colhida de lavoura de verbo.
Pétalas de poesia crescendo , folhas de lirismo esverdeando ambiente,
flores silábicas agrupando-se para engendrar indescritível buquê.
O broto que emerge do papela poesia que irrompe da terra:
verso floresce saudávelo ciclo da vida se regenera.

Márcio Dison, 44 anos, jornalista, professor, nascido em Porto União/SC, casado, uma filha chamada Elis, vencedor de concursos de Poesia da Universidade Federal de Santa Catarina e Menção Honrosa do Prêmio Franklin Cascaes de Literatura.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Luciana Oliveira do Nascimento

Poetnia

Poesia navegante
Portugal - Brasil
Achamento. Selvagens.
Mata. Bicho. Rio.
Língua mátria
Salve Caminha!
Terra à vista
Porto Seguro. Brasil.
Terra rica, terra fértil
Em se plantando tudo dá
Cana-de-açúcar, café, ouro
É natureza pra se fartar...
Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá
mas os índios foram cativos
dos brancos do além-mar!
Muita luta, catequese
imposição de religião
inúmeras tribos extintas
em nome de Dom João.
E veio a Mãe África
com toda força e esplendor
mãos doces de cana
mães amargas de dor.
Luta. Escravidão
Quilombo dos Palmares
Negros vistos como gente
Poesia - Castro Alves!
Meu Brasil Brasileiro
Atabaques, bandolins
Mãos negras, mães pardas
Rosas, dálias, orquídeas, jasmins.
Meu Brasil brasileiro
José, João, Helena, Maria
juntos numa mesma face.
Brasil - Poetnia


Identidade

Sou o sol que te bronzeia a pele
Rubor - cor - sedução
Sou eu que queimo a terra
Fome - castigo - sertão
Esquento teus sonhos
Alimento tuas fantasias
Eu sou pai, sou mãe,
Sou chuva, alimento
Corro por entre as matas
À procura dos ventos
Sou limpa, turva, pálida
Escorro de teus olhos
Persigo a tua estrada
Sou estrela, azul, infinito
Dançando no mapa astral
De sua noite enluarada
Sou lucidez, fascínio, candura
Sou paz, chama, loucura
Sou entusiasmo
Sou esquecimento
Sou um deus
im ao mundo
transformá-lo no paraíso
Eu sou o Amor.


Luciana Oliveira do Nascimento ou Lu Oliveira, nascida na linda cidade de Ilhéus, interior da Bahia, terra de Jorge Amado. Sempre foi fascinada pelas letras e já rabiscava versos na adolescência. Formada em Letras e Especialista em Ensino de Língua Portuguesa, leva a poesia pra sala de aula encantando os alunos das mais variadas faixas etárias. Divulga suas poesias na Internet, tendo participado de alguns concursos virtuais com algumas premiações.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Lenir P. de Andrade Rodrigues

Quem dá aos pobres empresta a Deus

Está vendo o mendigo na praça?
Ele já foi homem de bens!
Mas jamais um dia deu de graça.
Um trocadinho de esmola a alguém.

E hoje em dia ele passa
Com os trocadinhos que lhe dão.
A Deus ele louva com graça
Quando ganha um pedaço de pão.

Nesta vida tem alegrias e tristezas,
Não sabemos o que vem pela frente
Pois a nossa mãe natureza
Pode nos dar e tirar de repente.

Teremos que estar preparados
Para o que der e vier enfrentar,
E não sermos pegos de surpresa
Pelo que a vida nos preparar.

Eu já ouvia dos meus avós:
- Quem dá aos pobres empresta a Deus.
Encontra-se na Sagrada Escritura,
Um certo apóstolo o escreveu.

Lenir P. de Andrade Rodrigues (Lenir de Andrade) é escritora iniciante, professora de educação da rede municipal em Telêmaco Borba/PR desde 1979. Tem um livro publicado e já participou de vários concursos de poesia, sendo classificada entre os primeiros em cinco deles. Possui um livro no prelo aguardando editora que deseje publicar seus poemas, os quais escreve para leitores de todas as faixas etárias.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Laérson Quaresma de Moraes

NAMORADA

Não direi teu nome,
Pois tu não tens nome;
nem direi como és,
sobre teus olhos,
teus cabelos e
teus encantos,
pois não se define
o Universo!

Nunca nos viram juntos,
é bem verdade,
porque os olhos humanos
têm alcance limitado.
Mas direi que tu existes,
como existe o meu amor
e minha necessidade maior
de existir por ti!

Laérson Quaresma de Moraes é natural de Nioaque/MS (29.04.1950), reside em Campinas/SP desde 16.08.1964. Casado, técnico em contabilidade, aposentado. Apaixonado pelas Letras. Em novembro de 2003 participou do livro V Antologia NAU literária (Editora Komedi, Campinas/SP) com frases, poesias, trovas. Contista, cronista, trovador, não tem livro publicado ainda.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Iramar Freire Guimarães

O homem

A força e beleza do mistério que nos faz existir e me prende...
Que ao som de qualquer bicho solto me embala
tem cheiro gostoso que me narcotiza...
É estranha e divinamente
tua presença rara.
Aparecestes com origem e sem destino
deixando minha carne ávidae minha esperança fulgaz.
Sinto vontade de fulminar esse fremir gigantesco
que é tua ausência pertinaz.
Que vontade animalesa de beijar-te a boca
lamber tua carne de aspirar teu cheiro afrodisíaco
que incita meu tino e aguça meus desejos sexuais mas meu medo insano me confunde e atormenta agigantando meu fogopelo mais lindo dos mortais.




Deixa

Deixa eu te ver apalpar-te sentir teu cheiro apertar teu cheiro contra o meu forte, bem forte como se quizesse tatuar-te em mim beijar-te como se quizesse fundir-me em ti.
Deixa eu ir pra cama contigo e agir como se tu fosses "meu" primeiro ou último homem ou minha primeira ou última vez quero ir pra cama contigo e vou saciar minha fome da tua carne minha sede da tua saliva do teu suor, do teu sêmen, das tuas "lágrimas"... e sentir doer-me as entranhas como se "um bicho as rasgassem". Deixa eu te sentir antes que morra em mim a essência humana. Deixa. Amanhã? Não sei se apenas minha saudade-vontade terá que recordar-te. Deixa?




Nós

Eu vou te olhareu vou tirar tua roupa eu vou te cheirareu vou te apalpar teu corpo inteiro lamber eu vou me deliciar com teu sabor eu vou açular teu juízo despudorar nossas carnes nossas vontades eu vou tocar cada reentrância da tua geografia como se deve tocar um recém-nascido fazendo latejar minha derme, epiderme e alterar meu relógio biológico.
Sentirei o teu fogo incitando miha libido sentirei tua virilidade jorrando teu néctar seminal dentro de mim e ainda dentro de mim teu gôzo nutritivo e na tua cara, teu sorriso arativo nossos corpos descobrirão juntos e ao mesmo tempo a satisfação única de sem pressa nem cansaço gozar...
E com muita disposição reiniciar...
Conheceremos a grandeza de sermos fêmea e macho mulher e home meu e você nós!

Iramar Freire Guimarães, baiana de Itapetinga, nascida em 23/12/1960. É a 15ª filha do casal D. Eulina Guimarães da Silva Freire e Sr. Deoclécio Vieira Freire (ambos falecidos). É professora e dá aula particular de reforço escolar em todas as matérias. Seu maior sonho é publicar um livro que reunirá poesias e sua autobiografia, intitulado provisoriamente IRA EXPLÍCITA. Segundo sua auto definição, é uma pessoa que possui um instinto considerado masculino, ou seja, não gosta de ser caça, mas caçadora. Ela adora ler Nietzsche, Freud, Florbela, Drummond e Vinícius. Seus trabalhos poéticos nunca foram publicados antes, por falta de oportunidade. Ira estréia nessa antologia, dando seu primeiro passo num caminho que certamente será bem longo e repleto de sucesso.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Felipe Oliveira de Araújo

Ao encontro do amor

Um dia encontrei o amor
Ele estava na janela
Quando eu o enxerguei
Era a coisa mais bela.

O amor é tão belo
Eu não pude acreditar
Assim que entrou em meu coração
Logo comecei a amar
Esse amor que vem de Deus
Nunca se apagará.

Minha poesia para Valdeck
De Felipe

10.11.2006



Muito significante

Você é muito significante
Estou sentindo uma coisa como nunca senti antes.
É a melhor coisa que está acontecendo nesse instante
Estou amando como nunca amei antes.

Quero encerrar esta poesia
Com uma palavra muito fragilizante:
Não quero ficar longe de você
Nem por um instante,
Porque você em minha vida
É um tesouro muito importante!

Minha poesia para Valdeck
De Felipe

Felipe Oliveira de Araújo, natural de Salvador/BA, tem raízes familiares espalhadas pelo Brasil inteiro, especialmente o distrito de Cajaíba (Camamu/BA), Angra dos Reis/RJ e Camamu/BA. Como todo poeta, é introspectivo, fala pouco e se retrai quando o assunto se torna sério. Um “Erê”, na linguagem yorubá, Felipe se transforma em criança quando está no meio de amigos e quando está feliz. Amante da vida e da liberdade, ele encontra nas letras o caminho sem fim e sem limites que lhe permite expressar toda a grandeza de sua alma. Não gosta de ser chamado nem de escritor nem de poeta, como todo talento nato, mas todos se encantam com os poemas que, a muito custo, alguém consegue arrancar de suas mãos e de suas gavetas da alma.
Lipe é um poeta de mão cheia, como se diz na gíria. Um rapaz de grande inspiração, modesto, se diz aprendiz da arte de escrever, quando se percebe que seus poemas são de uma profundeza tamanha, revelando todo o romantismo que guarda dentro do peito. Estréia aqui com duas poesias: “Ao encontro do amor” e “Muito significante”.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Euclides da Luz

Crimes contra a vida

Quem pode julgar o ser humano
E humano ser?
Com um juízo desumano que
Pune o culpado no ano
Em que se decreta a pena
Para certos crimes, pequena
Para outros tantos injustas
Pois para elucidá-los muito custa.

Crime contra a vida é raro
Que tenha-se o devido amparo,
Reparo o que digo, punição
Pois de genocídio a corrupção
Todos são contra a vida
Deixando marcas e feridas
Levando ao descrédito humanidade
Em homens públicos de verdade.

Será mesmo que pena de morte
Vale a pena? Ou dá pena de ver
Um inocente morrer culpado
Sem ser poupado do vil castigo
Quiçá fora absolvido
Investigando o ocorrido
O real culpado teria morrido
E o inocente, não sucumbido.

Sou até mesmo contra a pena de morte
Pois as vezes é pena de sorte
Seria melhor outra punição
Perpétua sim, com educação
Trabalho, dignidade para os que estão em prisão
Vivendo agora em separação
Por crimes , delitos corrupção
Hediondos ou culposos
Pois todo homem é ardiloso
Vivendo em grupo, criterioso
E vivendo ocioso, é muito perigoso.

Euclides da Luz é um poeta soteropolitano que já tem trabalhos publicados na “Primeira antologia Valdeck Almeida de Jesus” e na revista Art Poesia. Ele canta e encanta a vida, as emoções, o cotidiano, transformando em magia as agruras humanas, colorindo com pincel de luz o viver e dando um novo olhar ao leitor da vida.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Emerson Leandro de Jesus Silva

Questões

A beleza de sorrir, Mesmo diante de imensuráveis problemas é loucura ou força?
A dor, É somente um silêncio corrosivo, ou muda inspiração?
O futuro, É somente uma estrada tortuosa e desconhecida, ou o resultado das escolhas feitas no hoje?
Amar, É uma busca insana de muitos, ou privilégio dantesco de poucos?
Viver, ainda que meio morto,
Cantar, ainda que meio mudo,
Sorrir, ainda que meio bobo,
Ouvir, ainda que meio surdo.
Olhar, ainda que meio cego,
Sentir, ainda que meio gélido,
Lecionar, ainda que meio leigo,
Chorar, ainda que meio lépido.
Amar, ainda que meio indecoroso,
Sonhar, com o longínquo, aqui perto,
Rimar, com sorriso o indicioso,
Temer, ainda que meio certo.


Justificativas

As guerras se justificam, por que somam ao poder,
Os erros se justificam, por que trazem aprendizado,
A dor se justifica, por que ensina a viver,
O amor se justifica, de acordo com o que é amado.

O caos se justifica, por que nos traz progresso,
O sorriso se justifica, por que nos mostra alegria,
O futuro se justifica, por que eu não o peço,
A noite se justifica, por que existe o dia.

A música se justifica, por que existe a tristeza,
O silêncio se justifica, por que nos traz reflexão,
Ela se justifica, por existir a beleza,
O adeus se justifica, por que existe a emoção.
O poema não se justifica, por que não quer se justificar,
Nem se justifica à vontade de não arriscar,
A vida não se justifica, por que seu codinome é mistério,
A justificativa não se justifica, por que se justificar não é algo assim tão sério.



GramaticAmando

Eu sou artigo indefinido,
Ela é pronome possessivo,
Eu oração subordinada,
Ela comparação metafórica.

Eu antítese,
Ela é hipérbole,
Eu sou prefixo,
Ela é radical.

Eu sou sintaxe,
Ele gentílico,
Eu sou pronome,
Ela é verbo intransitivo.

Eu sou poesia,
Ela é prosa,
Eu sou preposição,
Ela é tempo verbal.

Eu sou encontro vocálico,
Ela é hiato,
Eu sou reticências,
ELA É, ponto final.


Nos, segundo eu

Pra que ninguém ouça nossa canção
No toque suave de nossas mãos
Eu a escondo numa fração de pensamento,
E canto ela em silencio.

As notas são dadas por nossos passos
Por que embora superado tantos encalços
Não estamos certos se sabemos.
Não notamos que assim a fazemos.

Seus olhos buscam em volta o nada,
E a miudeza do seu corpo dá o tom.
A sua voz enche o vazio de um pouco de som.
E você empresta uma nova cor as fadas.
O som se enche de vazio
E não se sabe se o tempo ou o erro é que está certo.
Se o pensamento se esconde no sorriso
Mesmo de longe, ficamos perto


Sombras

Todos dividem a culpa passando-a ao inimigo invisível
Refletem, debatem questões e esquecem no soar de seus belos discursos
A força motriz que a pratica possui.
É que não os vemos, por isso não existem.

A minha amada, mãe e gentil Sede por força de minha insistência,
Um abrigo numa das calçadas escuras da cidade.
Eu descalço sujo e desnorteado
Sou igual a tantos sedentos, presos em seus rótulos engravatados.

Ali, a margem esquerda da sociedade falta pão,
Sobra fome, embora haja tanta luz e tanto nome,
Sigo falando no silencioso estender de mãos.

Dispenso a grana que possui, quero apenas dignidade
Suas moedas nutrem apenas a matéria,
Esta parte que insiste em viver mesmo sem razão..
.mas teus olhares ou teu silencio mataram a muito minh’alma.

Falta afago, respeito, Bom dia!
... nesta sombra descansa a sobra de um homem.


Emerson Leandro de Jesus Silva nasceu na região metropolitana de Salvador, na cidade de Camaçari. Teve uma infância permeada de acontecimentos comuns, dignos de uma infância normal: empinou pipa, brincou de gude e jogou futebol. Filho de Manoel messias Leão Silva e Maria Cecília de Jesus Silva, sendo o mais novo do total de quatro irmãos, foi criado por sua mãe a quem deve a base da formação do seu caráter e conduta ética. Uma forte característica de adquiriu desde de sua infância, foi a capacidade quase mágica de formular “por quês” e coube exatamente a sua mãe a paciência quase divina de responder a todos eles. No ensino fundamental, cursado todo ele em escola pública, nunca teve como se pode pensar um desempenho fantástico na escola, apenas manteve-se próximo das disciplinas de ciências humanas e foi justamente neste período que lhe foi aberto as portas para os caminhos da leitura, coincidindo com seu acesso ao ensino médio. Nas escolas Cidade de Camaçari, Luiz Eduardo Magalhães e José de Freitas Mascarenhas engajou-se ativamente na formulação dos grêmios estudantis, participou de movimentos socais de diversos segmentos, esteve presente em ong’s e na seqüência lógica proporcionada por essas experiências, adquiriu uma consciência critica e foi inevitável não expressar seu modo de ver a vida, o modo escolhido pra que isso acontecesse foi a escrita; e só então aos 15 anos inicio sua jornada na criação de textos poéticos, passando a criação de contos publicando artigos em revistas culturais eletrônicas como o Caeba e teceu esquetes teatrais. Desta fase de alta produtividade nasceu trabalhos como O legado (romance policial em prosa), Um Retirante na Cidade ( critica social em prosa) e Expoemas (este ultimo em versos) atualmente trabalha no funcionalismo publico na biblioteca Jorge Amado ligada a secretaria de cultura do município de Camaçari.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Eliana Barbosa Gonçalves

Tributo a Jorge Amado

Se ele não contasse histórias
Nem sei com seria
Talvez fôssemos todos baianos
Sem conhecer bem a Bahia
Ele já nos falou do cacau
Dos cabarés e do jogo
Falou de uma morena faceira
Que com seu cheiro de cravo e canela
Fazia Nacib arder em fogo

Falou dos encantos da terra
E de uma bela chamada Tereza
Muito cansada de guerra
Falou dos mistérios do mar
Da vida dos pescadores
Falou de uma rara Flor
Que tinha seus dois amores
Falou dos coronéis, do agreste
Dos orixás, do candomblé
Esse anjo criador, gênio iluminado
Todos sabemos quem é
Ele fala da Bahia com amor
E por ela é amado
Amado Jorge, Jorge amado.


Forró pra Inglês Ver

Do you love me, minha nêga?
Yes, I do
Do you love me mesmo?
Yes, meu nêgo, I do
Então vamos pro forró
Que eu também love you

Vamos dançar gostoso até o dia amanhecer
Vamos fazer bonito que é forró pra inglês ver
Vamos mostrar pra essa gente
Que "rock" aqui é nome de "home"
Que é bem agarradinho no salão que o couro come

Aqui não tem Micahel Jackson
Nem essa tal de Madonna
Tem é muito arrasta pé
Muita zabumba e sanfona
Nada de uísque "on the rock"
Que o Roque não bebe isso, não
Aqui se bebe é batida
Muito licor e quentão

E esse negócio de "bacon"
Nem quero ouvir falar
Aqui tem é canjica
E muito milho pra assar
Se eles "disser" que tá ruim
Perder tempo nós não "vai"
Nós dois "embola" a língua,
Abana a mão e diz "good bye"



Viagem

Quando o dia nascer
E o sol iluminar o teu corpo
Quero sentir o gosto
Da tua pele suada
Quero beber do teu néctar
Me alimentar do teu ser
Quero uma viagem sem volta
Fazer morada em você

E quando o sol se esconder
Dando lugar à deusa lua
Quero contar nas estrelas
As vezes que fui tua
Quero invadir teus segredos
E devassar a tua alma
Buscar dentro de ti
A paz que sempre me acalma

Mas não permita que eu me perca
Nessa viagem insensata
Pois o vinho que dá prazer
Também vicia e mata.

Eliana Barbosa Gonçalves, nascida em Mata de São João/BA em 26/01/62, reside em Salvador desde 1979. Gosta de ler, escrever, compor letras de músicas, escreve poemas, mas não tem nenhum texto ou música publicados.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Edson da Silva

AMOR

Retrato reverso
Inverdade perfeita
Ilusão sugestiva
Insanidade adquirida

Docilidade majestosa
Incivilidade aflorada
Desordem de pensamento
Desamor

Doação sem restrição
Viver sem sentido
Sucumbirá a dor

Perdoar o imperdoável
Matar
Morrer.




ASAS DO VENTO

Asas ao vento
Plaina no ar
Incógnita ao longe

Trafega nos céus
És condor, quem sabem andorinha
A que lugar se aninha

Nos Alpes telhados da catedral
Num bater de asas
Corta as nuvens do céu

Relâmpago incitante
Dominadores do ar




BAHIA

Bahia terra sublime
Berço da nossa geração
Étnica na sua pluralidade
Seus templos, suas igrejas
Seus terreiros de candomblé
Suas religiões

Bahia de todos os santos
Todos os gêneros
Todas as raças
Todos os encantos
Terra do axé

Português é sua voz
Nagô óxido grito
Dos descendentes
Da nação zumbi
O toque dos atabaques
Clama o seu canto
O canto dos afoxés



ÁGUA DE CHUVA

Água que cai da bica
Chuá, chuá, chuá
E bate no chão sem parar
Eu gosto de ouvir o seu som
Quando estou na cama a deitar
Parece canção de ninar

Nesta noite sei que terei
Belos sonhos debaixo do
Lençol a me esquentar
E ao amanhecer sei que
Verei um belo sol a despertar

Cai chuva, cai sem parar
Nem que seja até dormir
Faz os meus sonhos embalar


Edson da Silva é soteropolitano, mas aos cinco anos vai morar no interior da Bahia, Itabuna onde morou até os 14 anos. Voltando para sua cidade natal começa fazer os seus primeiros versos sem compromisso. Só aos trinta e cinco anos resolve seguir a sua vocação com toda experiência dos seus trabalhos sociais como Agente de Saúde e Agente Comunitário de Saúde aliando-se a outras entidades como o CEPA, entidade presidida pelo Professor Germando Machado. E agora com o Movimento Poeta na Praça, juntamente com o poeta Pedro Cézar vive a experiência de lançar o seu primeiro livro.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Edmar José Mascarenhas da Silva

Juventude

Uma geração vivendo grande emoção
entre drogas e prostituição.
Não usando violência,
tendo muita inocência,
uma linda adolescência,
dando amor sem decadência
em sua sobrevivência.
Flores no amanhecer, louvando
sem padecer
hoje quero te dizer
rosa é o meu viver.
Igreja, religião,
drogas, prostituição,
violência não.
Aproveitando a missão,
amor, morte, vida, razão:
juventude é como flores
naquela estação
desabrocha o coração
para a realidade
da nação!

17.12.2004
Bar Boca de Forno, Calçada – Salvador/BA

Edmar José Mascarenhas da Silva é natural de Várzea da Roça/BA, onde declamava poesias de vários poetas. Escreve desde criança, mas nunca gostou de ler ou divulgar seus trabalhos, como todo poeta nato. Trabalhou em várias profissões, de balconista a cabeleireiro, de garçom a marmiteiro. Atualmente mora em Swindon, região metropolitana de Londres, onde cursa inglês e história.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Dulcilene Ribeiro Soares Nascimento

Amizade e amor

No meu corpo se misturam
Ora amo e amigo
Somos um
Ora amigo e amo
Escapulo
Do contato
Do afago
Do medo
De ser feliz
Que é humano
E só o amigo
Que amo
Me revela
O que o meu eu
Nunca me diz.

Dulcilene Ribeiro Soares Nascimento ou Dulce, como prefere ser chamada, nasceu em Camacã-Ba, no dia 06/05/1970.Aos dois anos de idade muda-se com os pais e a irmã para Gandu, onde tem os pés e o coração fincados e onde reside atualmente, depois de um período de 6 anos em Alagoinhas, onde cursou História pela (FFPA) Faculdade de Formação de Professores de Alagoinhas , atual Campus II (UNEB)Universidade do Estado da Bahia.Especialista em Metodologia do Ensino Pesquisa com extensão em Educação, faz Mestrado em Ciência Política, Cidadania e Governação,é também funcionária pública estadual, professora universitária e não esconde de ninguém o prazer de trabalhar com a educação.
Com alma de quem nasceu poeta, Dulce revela em seus poemas desde uma certa puberdade até a madureza da mulher que chega aos 35 anos com certezas, convicções, mas acima de tudo muita esperança.
O amor pela família , pelos amigos e especificamente pelo avô, o caboclo Damião são explícitos em cada verso do seu trabalho, o qual tece desde os 13 anos...ainda menina.

Com o lançamento de DUPLA FACE (2003) e ESQUEÇAM AS BONECAS! A MENINA MORREU...(2004),a participação na Antologia Presente de Natal em Prosa e Verso lançado pela REBRA,(2004), Dulce despe para o mundo a sua paixão pela poesia,fazendo dela sua meta, seu sonho e... no seu próprio modo de conceber o mundo...efemeridade, paciência, esperança e fé.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho

Para Nicy, Keller, Delícia.

Sinto saudade do ritmo sensual
e aconchegante de tua dança,
do teu olhar carinhoso e de teu alto astral.
Da brisa que toca o teu cabelo e balança.
Do teu doce e afetuoso abraço,
De cada beijo, de cada mordida,
De cada desejo e de cada amasso...

Os melhores momentos da vida
são aqueles que deixam saudades,
que procuram recriar realidades
na reconstituição da memória,
no recorte marcante da história,
na busca do passado no agora.

A saudade tem às vezes um ritmo rápido,
que faz estremecer e acelerar o coração.
Outras vezes tem um ritmo lento como
a brisa do final da tarde, os raios do sol
ao amanhecer ou o pensamento expresso
na face de uma pessoa à espera do seu amor....



Deusa Encantada

A noite é minha poesia calada.
A juventude é minha luta cantada.
A vida, a vida é minha piada.
A natureza é minha namorada
E natureza há uma coisa admirada:
A menina.
Menina de sorriso apaixonado.
Menina de olhar parado.
Menina-deusa entre as deusas adoradas.
Deusa-encantada.


JEQUITE-FOI

Jequi-foi chão pisado pelos carros de bois que passavam com seu chiado bonito pelo Curral dos Bois.
Jequi-foi pousada de tropeiros, flagelados e boiadeiros que do Porto-Terra saiam pelo sertão inteiro.
Jequi-foi abrigo dos caboclos cotoxós e mongoiós que só eu ouvirem falar no desbravador João Gonçalves da Costa saiam do Sertão da Ressaca para dentro da mata.
Jequi-foi terra de homens humildes: do vassoureiro que vendia suas vassouras para os mateiros, da apanhadeira de água e do raizeiro com seu remédio caseiro. Gente que soube enfrentar a seca e a enchente como quem aprende a cantar.

Jequié Cidade Sol que vive sempre a brilhar parece que seus raios querem dizer que teu povo precisa se libertar.
Jequié menino de pés no chão.
Jequié Rio das Contas cheio de poluição.
Jequié terra esquecida.
Jequié povo sem vida.
Jequié gente que sabe o que quer: terra, educação, comida e café.

Jequi-será quando o povo se organizar.
Jequi-será quando teus poetas e teus artistas se organizarem e começarem a falar do teu povo folclórico, do teu histórico e lutar pela cultura popular.
Jequi-será quando o estudante se organizar e lutar para o ensino melhorar.
Jequi-será quando a mulher se organizar e começar a lavar a sujeira e a exploração que hão de se acabar.
Jequi-será quando o pescador se organizar e em seu jequi peixe bom pegar.
Jequi-será quando o sertanejo se organizar e começar a contar a história do povo jequieense: que tudo vence.
Nesse dia um novo sol vai brilhar e o povo de Jequié vai sair pelas ruas a cantar.
E a liberdade vai chegar.
E o povo de Jequié vai ensinar que é preciso sempre lutar!


Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho é membro-fundador e 2º vice-presidente da Academia de Letras de Jequié. É o mais jovem acadêmico entre os atuais nomes que compõem a ALJ e um dos mais jovens do Brasil e do mundo a ingressar em uma Academia de Letras.
Autor do romance O Fogo do Povo e do conto Pura, Domingos Ailton tem vários poemas publicados em diversas coletâneas, a exemplo de Jequié: Poesia e Prosa. Estão publicados em anais de congressos científicos em livros de conteúdo acadêmico vários resumos de seus trabalhos de pesquisa, a exemplo de “A Recuperação de Palavras da Língua Pataxó-hã-hã-hãe 500 Após a Chegada dos Portugueses nas Terras Indígenas”, no livro Percursos da Memória – Construções do Imaginário Nacional (lançado no Brasil e na Polônia), “Tradições dos Ternos de Reis”, no livro “Fragmentos de Memória de Vitória da Conquista e Região e “José de Sá Bittencourt”, em Vultos Históricos (Revista da Academia de Letras de Jequié). São Também de sua autoria os documentários em vídeo “Rio das Contas: potencialidade e poluição, “Lapa: a Fé do Sertão” e o “Trezenário de Santo Antônio”, a peça teatral Agenda 21. Que Bicho é Este? e em 2004 obteve o 1º lugar na categoria sênior do concurso de redação Qual a Jequié que Queremos?. Jornalista e editor do jornal O ECOLÓGICO. Licenciado em Letras, especialista em Literatura e Ensino da Literatura pela UESB e mestre em Memória Social e Documento pela da Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professor da UNEB – Campus XXI.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Deise Formentin

MAS...!!!

Não sou perfeita... Mas, ninguém assim o é!
Tenho medo... Mas, e quem não tem?
Tenho sonhos...
Todos tem... ou será que não?
Sofro... Mas, e quem não sofre?
Tento não ser amarga,
Mas, acabo sendo!
Nunca quis ter inimigos,
Mas, haverá sempre alguém...
Que não goste de mim.
Procuro não errar...
Mas, na ânsia da perfeição,
Cometo duas vezes mais erros.
Viver é tão difícil...
Mas, e quem falou que seria fácil?



TE PERDI

Te encontrei na praia...
Te olhei , você me olhou
Sorri, você também.
Logo percebi: "Me Apaixonei"
Corri para te abraçar, e você me envolveu em seus braços.
Senti então pela primeira vez o gosto de seus beijos.
De repente você partiu
Sem nenhum motivo... Sumiu!
Todo o amor que por ti sentia se transformou em ódio
Por teres me abandonado
Chorei, sofri
Quisestes voltar eu não quis.
E agora somos dois a sofrer, nos braços da negra solidão
Me arrependi então, mas já era tarde demais
Quase enlouqueci...
Quando descobri que realmente te perdi.

Deise Formentin, trabalha na Secretaria de Educação do município de Santa Apolônia/SC há 06 anos, concluiu o Curso de Pedagogia, adora ler e principalmente escrever, já participou de outros concursos de poesia e conto, publicou duas poesias em uma antologia em regime de cooperativa. Continua tentando participar de concursos, pois, seu maior sonho é ver publicado um livro seu de poesias.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Deborah Dourado Pires

Assim Sou Eu...

Sou estrela solitária entre tantos cometas.
Sou o brilho de um deles...
Que não se ofusca, nem se apaga.

Sou raio de sol esquecido, outrora fogo...
Hoje, um brilho esmaecido.
Sou efêmera, sou sensível.
Sou fraca, sou falível.
Sou eterna em sonhos e dores.
Sou uma palavra daquela canção esquecida.
Sou a lágrima da melancolia escondida...
Sou talvez, também simples ilusão perdida.

Assim sou eu...

Sou contradição, sou promessa, pois ontem vivi de paixões.
Sou aquela que anseia ser amada de madrugada,
Acordar aninhada.
Sou segredo, sou desejo.
Sou inquieta, sou discreta.
Sou a rima que ainda não se achou.

Assim sou eu...

Sou a onda que se quebra, mas volta com insistência,
Num recomeçar incessante.
Sou a espuma branca na areia que se desmancha.
Num eterno beijo ofegante...
Sou um coração por inteiro.

Assim sou eu...
Simplesmente mulher!

Deborah Dourado Pires é natural de Goiânia- GO, passou a infância no interior e aos 7 anos foi para Salvador. Estudou no Colégio Batista Brasileiro, onde fez grandes amizades que perduram até hoje. Sempre apaixonada por animais, Déborah ficou na dúvida em que carreira seguir. Foi ai que a jovem, já escrevendo poesias no seu tempo ocioso, descobriu uma nova e fascinante paixão: a comunicação. Ingressou nos cursos de Jornalismo e Produção Editorial, hoje sua grande paixão. Atua na área de criação, design e principalmente diagramação.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Cristiane Pereira Guimarães

Contando as Estrelas

No frio da noite
Com ventos e chuvas
Eu vivo
Pelas ruas
Coberto com jornais
Chorando minha vida...
Com o céu estrelado
Olhando a lua
Conto as estrelas
Para esquecer
Minha triste vida.

Cristiane Pereira Guimarães (Giulyete Greene), é professora primária de Português, Inglês, Espanhol, Educação Artística e Religião na cidade de Glória do Goitá/PE. Vencedora de dois concursos literários: Leia Comigo, Relato Real (FNLIJ), ficando em primeiro lugar com o texto “A verdadeira arte de ser feliz” e concurso de poesias das Edições AG com os trabalhos Viagem à Eternidade e Profundezas. Tem um livro infanto-juvenil publicado pela Editora Edicon de São Paulo: O Sapinho Sassá.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto BRUNO CANDÉAS

a gente se traga
se malcria entre
os lençóis ao
meio-dia
na cama
doutro
que
nem
que
ria

BRUNO CANDÉAS é autor dos livros Poeta nu na alcova (2002), Filé 1,99 ( 2003), A Trégua dos ditadores (2004), Férias do gueto (2005), O osso do poema (inédito) e participou de diversas antologias no Brasil e no exterior.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Bruno Albuquerque Carneiro de Oliveira

Desfiguração do não ser

A solidão faz prece
Rezo eu
Reza você
Rezam todos...

Sofre você
Choro eu
Por mim,
Por você
Por todos...
Todos tolos!

Sombras vagam por entre vales luminosos
Ofuscando lumes ociosos.
Luzes fugidias pairam
Acima das expectativas
Do mais nobre dos esperançosos,
Fora de alcance...

Cores desintegram-se, degeneram-se
Arco-íris, preto, branco, cinza
Cinzas...
Descoloração do não ser,
Nuance...


Na medula da selva de pedra
A flora só cresce
Quem padece
É a fauna
Que sofre
Quando o amor fenece
No coração da alma

No deserto individual de cada
Habitam sonhos desidratados
Ermos povoados, repletos
De uma falsa paz alcançada sem tratados
Acordos ou pactos
Cidades fantasmas
Retiros superlotados
Jardins de cactos
Intactos espinhos
Famílias, amigos, vizinhos...
Aos cacos

A solidão faz prece
Rezo eu
Reza você
Rezam todos...

Sofre você
Choro eu
Por mim,
Por você
Por todos...
Todos tolos!


Silêncio

Silêncio!
Não quero ouvir nada!
Nem o tempo!Nem o vento!
Nem o pranto do arrependimento!
Nem o canto de minha amada!
Não quero ouvir nada!

Latidos, miados, grunhidos,
As crianças brincando na calçada,
Nem as mulheres dando risada!
Poupem meus ouvidos!
Quero a humanidade calada,
Não quero ouvir nada!

Almejo apenas um pouco de paz,
Só o silêncio gritando cada vez mais!
E o mundo mudo, calado,
Contemplando extasiado
A harmonia de suas notas musicais...


Divã

A poesia é meu divã.
É onde descarrego meu fardo passado
E busco a fonte do alívio de amanhã:
Rimas que me enchem de graça
Fazendo com que eu me refaça
E renasça a cada manhã.

É ela que capina e aterra
O sussurro lírico que berra
No meu Vietnã.

É ela que mata e enterra
Qualquer demonstração externa
Da minha guerra interna
Nessa cruzada por uma filosofia sã.

Na conquista da alegria
Minha arma é a poesia,
Meu divã,
Na luta pelo alívio de amanhã.

Bruno Albuquerque Carneiro de Oliveira (o poeta Dí Albuquerque) nasceu num dia dez de maio do ano de 1980, em Itabuna na Bahia. Com um ano e oito meses de idade, após o divórcio de seus pais, o poeta foi com sua mãe seu irmão viver no Rio de Janeiro, onde teve seus primeiros contatos com o mundo das artes através da Oficina para Atores de Ernesto Pícolo e Rogério Blat. Foi também onde começou a fazer poesias baseadas na desordem contemporânea. Aos vinte e quatro anos de idade, Dí Albuquerque retorna à sua terra natal e ingressa no grupo de declamação "A Sociedade dos Poetas Anônimos" e posteriormente na faculdade de jornalismo. O poeta lançou recentemente seu primeiro livro independente: TRABUZANA, uma abordagem poética atual, mordaz, crítica, mas sem perder a ternura da lírica ao agregar musicalidade ao caos de seus versos.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Beatriz Praxedes

A saudade fala muito mais que a própria fala, principalmente quando o tempo diz não nos deixando sem chão.

A saudade dói, machuca,faz sofrer,chorar,sorrir. Mas existem coisas que nem mesmo o tempo vai apagar.

Sempre existirá uma palavra ou até mesmo uma frase que nunca foi dita, sabe qual? Aquela que o coração se cala, só sente de maneira inexplicável sem entendermos como e nem porque dos acontecimentos.

Muitas vezes, o silêncio é a razão verdadeira do que a fala não dita, e o gesto é a melhor demonstração da fala. Existem coisas que jamais falamos,escrevemos porque, só nosso eu é nosso confidente, nosso refúgio, nosso cofrinho de segredos por toda uma vida.

Beatriz Praxedes (Bia), baiana e soteropolitana com muito orgulho, meio Câncer meio Escorpião, formada em Turismo pela Faculdade São Salvador, trabalha na área de química e pretende concluir uma faculdade de Psicologia, seu forte depois da escrita.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Aroldo Ferreira Leão

A Alma é a encarnação de seus próprios segredos

A alma é a encarnação de seus próprios segredos,
Velha esperança trafegando, confusa,
Ante a inércia do olhar desamparado e
Distante, canção expandindo a verdade

Que há em todos os seres, ninguém sabe pra onde.
Amanhã, ou depois de amanhã, tudo
Será como antes, arredia ficção
De instintos esbravejando em nossas mentes

Decadentes. Meu Deus, quanta solidão
Há em mim, coerente incoerência unindo
Os pólos de minhas percepções vazias.

Alguém me diga por que os homens se destroen
Com tanta intensidade e, depois, reflita
Se precisamos viver assim, morrer sem luz.

Aroldo Ferreira Leão, nascido em Parnamirim/RN a 12.10.1967 é poeta com 52 livros publicados, 47 de poesia, 2 de teatro, 3 de literatura infantil. Formado em Engenharia Elétrica pela UFRN e possui pós-graduação em Letras pela UFRJ. Atualmente reside no Sertão, mais precisamente na região de Juazeiro/Petrolina.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Aparecida Lisboa Penido

ACASO
Entre quatro paredes tenho um segredo
Que desaba por medo, bem na hora de dormir.
Ajeito o lençol, aperto o meu travesseiro,
Que exala o seu cheiro de quando esteve aqui.
No que devo acreditar?
Na poeira do seu rastro,
Na trilha dos seus passos
Ou no acaso do amanhã!
Vou lá fora ver o tempo passar,
Não tenho nada a fazer a não ser ter saudade!
Sinto a hora e o tempo perdido
E sem nada a fazer a não ser esperar...
Vou lá fora ver o tempo passar
Não tenho nada a fazer a não ser...
Sinto a hora e o tempo perdido
E o que vou fazer?
Acaso é, um caso mal resolvido.
É assim... Não sou sua metade
Mas quando tenho saudade
Sinto você, em toda parte de mim...




ENXURRADA
Corre mamãe, a chuva já começou,
Pega o balde, aqui tem goteira!
Corre mamãe, o piso inundou,
A água já sobe no pé da geladeira!
Corre meu filho, vem nos meus braços.
Está levando tudo, a enxurrada!
Corre meu filho, o que é que eu faço?
Perdemos tudo, não temos mais nada!
Olha mamãe, os meus brinquedinhos,
Os meus caderninhos, a merendeira!
Olha mamãe, os meus chinelinhos,
Minha chupeta, minha mamadeira!...
Olha meu filho, a chuva está forte.
Levou geladeira, sofá e fogão.
Olha meu filho, a nossa sorte.
Não nos sobrou nem o colchão!
Vamos mamãe, não chora não,
Papai do céu vai te ajudar!
Vamos mamãe, agente dorme no chão,
Só até arranjar outro lugar!...




DELÍRIOS
Uma essência encobre meu corpo
Meus olhos se fecham,meu coração acelera.
Curvo-me diante do espelho
Ouço passos,meu corpo te espera.
Seus olhos me fitam
Envolve-me em seus braços, respiro seu cheiro.
Sinto sua pele,sinto você
No meu corpo inteiro.
Sua boca no meu ouvido
Sua respiração no meu pescoço, faço-me levada.
Deixo-me toda mulher,
só pra você Estou realizada.
Abro os olhos Olho pro espelho,
você não está lá.
Era só a saudade,a tanta vontade
Que me fez delirar!




PONTO POÉTICO
Se dois, sou reta; se nós, bordado.
Sou linha, sou tinta, na pele sou pinta;
Memória de um texto contracenado...
No céu a estrela que a forma nos finta.
Posso ser fixo, forte e determinado.
Marco presença, relógio... cartão.
Sou grau pelo qual meço algum valor,
Por acréscimo ou diminuição.
Na rosa-dos-ventos, sou cardeal.
Mudo de lugar, mudo o sentido.
Numa frase, sou essencial!
Afirmo, interrogo, exclamo e duvido.
Tenho o poder de fazer entender. Sim?!...
Sem minha presença... ... é difícil escrever!
Sou limite, sou triplo, sou patético!
De vista, de acumulação, de conto.
Sou até poético!... E sou pontual.
Quem sou?!
Sou o ponto
E ponto final

Aparecida Lisboa Penido ou simplesmente Cida Lisboa, como gosto de ser chamada. É mineira e mora na Bahia há dez anos. Escreve poesias desde adolescente, quando ganhou um concurso da revista Contigo; de lá pra cá nunca mais parou de escrever. Hoje, além de poesias compõe músicas e já ganhou um troféu como melhor MPB do sul da Bahia. Tem paixão por poesias e músicas e dificilmente passa um dia sem escrever.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Antônio Cícero da Silva

VOCÊ É LEGAL

Você é excelente
E nunca displicente
É muito comovente
Minha estrela cadente.

Você é muito linda
Para mim é bem vinda
Gosto-te mais ainda
Muito mais ainda.

Você é minha amada
Perfeita e educada
Minha aclamada
E idolatrada.

Você é muito legal
A mulher ideal
Na minha vida a principal.

Você é valorosa
E realmente formosa
É também respeitosa.

Antônio Cícero da Silva nasceu na cidade de São José do Belmonte/PE, em 02/12/1962 e reside em Carapicuiba/SP. Diretor de empresas. Publicou textos em jornais e revistas de São Paulo e Rio de Janeiro. Livros publicados: Um romance policial "Servir e Proteger com Lealdade" (Ed. Komedi) e um de poesias "Nós Somos Poesia"(Câmara Brasileira de Jovens Escritores) e mais...

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Anna Maria Avelino Ayres

CANÇÃO PARA UM AMIGO

Não feneça assim
não morra enfim.

Olha a luz bem ali
além do vale, aí.

Há um lago no vale azul
não distante mais ao sul.

O choro da casuarina
tange-a o vento em surdina.

Seixos brincam na fina areia
quando a água trêmula ondeia.

Vem, vem comigo
molha os pés no lago amigo.

Um simples raio rompe o ramo
acorda do sono o gaturamo.

E tudo silencia
para ouvir da ave a melodia.

E tu dirás que o raio te renova
e que tua alma agora está nova.

Eu te direi, querido amigo:
volta sempre, estarei contigo.



UM PERFEITO MODELO

No café da praça, na mesma mesa
O solitário moço – uma pintura –
Suave o rosto, a face uma brancura
Causa-me esta imagem certa surpresa.

Com volúpia traga sua brasa acesa.
É personagem de antiga brochura
Das folhas saída a bela figura?
Até lhe noto fidalga nobreza.

A marcha detenho, a fim de vê-lo
Melhor em seu poético cismar
Por que, oh Senhor, tamanho desvelo?

E quem não conheço fui assim notar?
Bem sei: será o perfeito modelo
Que com tinta e paleta hei de pintar!

Anna Maria Avelino Ayres é mineira, nascida na cidade de Campanha/MG. Licenciada em Letras pela Faculdade de Educação – UFMG. Exerceu o magistério por um período de 33 anos. Escreve poemas desde o final da adolescência. Somente passou a publicá-los recentemente.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Ana Maria Faustino

UM SER ESPECIAL

Sou um ser especial
E por ser como sou
Muitas verdades se confundem dentro de mim
Muitos me acham estranha,diferente
E me olham como se não me vissem
Outros me aceitam
Mas nem por um segundo
Acreditam que eu possa realmente ser capaz
Mas...Para minha alegria
Há aqueles que apostam na minha capacidade
E entre sorrisos me falam:
"Vá em frente","Eu confio em você","Conte sempre comigo"
Essas coisas que enchem o nosso coração de paz!
E assim eu vou caminhando...
Na certeza de que EU EXISTO e por existir
Também tenho um valor
Não importa se sou DIFERENTE...
Se eu sou...
UM SER ESPECIAL!
Afinal,a única anormalidade é a incapacidade de Amar!





O SONHO

O Sonho existe porque alguém acreditou
E com muita vontade o buscou
Sem se importar muito com o tempo
Apenas trazendo no coração um alento
De quem quer de verdade viver
E com isso aprender
Que o sonho faz parte da vida
Mesmo que às vezes alguém de ti duvida
Você vai procurando se fortalecer
Para as batalhas vencer
Porque lutar é preciso
Mesmo que nem sempre se encontre um abrigo
Para dividir o medo e a insegurança
O importante é caminhar com esperança
Sabendo que nem sempre é fácil acreditar
Mas ainda assim vale a pena sonhar
Pois tudo é possível quando se crê
Não importa o que depois venha a acontecer
O mais importante de tudo é saber ser feliz
E não sou só eu que te diz
A vida sem lutas e sonhos não é nada
Por isso nunca se deixe perder na estrada
Nunca troque a sua fé pela incerteza
Pois é só nela que está toda a beleza
E nunca desista do seu sonho buscar
Porque com certeza você vai encontrar!


EU SÓ QUERIA

Eu só queria poder ir além da minha imaginação...
Eu só queria saber expressar tudo o que sinto aqui dentro do meu coração
Eu só queria não chorar
Eu só queria ainda acreditar
Eu só queria não sofrer
Eu só queria apenas entender
Eu só queria não sentir medo da noite
Eu só queria olhar o céu e sonhar
Eu só queria dizer que vale a pena Amar
Eu só queria que as pessoas me olhassem com compreensão
Eu só queria não sofrer nenhuma repreensão
Eu só queria não ser abandonada
Eu só queria ser mais amada
Eu só queria que você chegasse
Eu só queria que a saudade me alegrasse
Eu só queria um abraço apertadinho
Eu só queria ganhar um gostoso carinho
Ah!Como eu queria...
Eu queria que já fosse dia
Eu não sei explicar...
Só sei que eu queria!!!


AMOR DE VERDADE

Amor de verdade é aquele que chega sem explicação
Amor de verdade é o que faz bater mais forte o nosso coração
Amor de verdade não tem hora para chegar
Amor de verdade acontece em qualquer dia, em qualquer lugar
Amor de verdade sempre emociona quem o sente
Amor de verdade deixa a gente sempre contente
Amor de verdade é o que há de melhor nesta vida
Amor de verdade nos faz querer por perto a pessoa querida
Amor de verdade é algo divino
Amor de verdade é tudo de bom que eu imagino
Amor de verdade nos faz ficar leve e voar
Amor de verdade é simplesmente Amar
Amor de verdade traz paz, traz alegria
Amor de verdade transforma o nosso dia
Amor de verdade quer sempre o melhor toda hora
Amor de verdade nunca vai embora
Amor de verdade é poder olhar o céu brilhante
Amor de verdade é ter o coração gigante
Amor de verdade deixa a gente contente
Amor de verdade torna a nossa vida transparente
Amor de verdade faz a gente acreditar
E Amar, Amar, Amar...
Tão somente Amar!
Amar a qualquer pessoa
Apenas por ser um AMOR DE VERADADE!


AMAR

AMAR é olhar para si mesmo e dizer: EU QUERO...
É viver intensamente
É sonhar com uma gota desse sonho
É estar presente até na ausência
AMAR é ter em quem pensar
É razão que ninguém teria para nos tirar
É pensar em você tão alto a ponto de você escutar
AMAR é ir até a morte...
É acordar para a realidade do sonho
É vencer através do silêncio
É ser feliz até com um pouco quando muito não é o bastante...
AMAR é dar anistia ao seu coração
É sonhar o sonho de quem sonha com você
É sentir saudades
É chegar perto na distância
Amar é ser adulto e se sentir criança
É viver a vida em versos e ao inverso
AMAR é a maior experiência na vida de uma pessoa
Faz com que ela se sinta única, especial
AMAR é curtir uma Amizade legal
É poder acreditar que um Amigo é o maior tesouro que se tem
E que por isso nos sentimos privilegiados, felizes
Mesmo que tenhamos entre nós, alguns indesejáveis kilômetros
A certeza de que temos um Amigo pra contar nas horas mais incertas, é divino
E sempre sabemos para onde estamos indo...Ao encontro do coração amigo
Que nos estende a mão e nos dá abrigo
AMAR é saber que Deus está no comando de tudo...
Mas acima de tudo, AMAR é crer no AMOR!

Ana Maria Faustino ou Aninha como é mais conhecida por todos tem um sorriso discreto, às vezes tímido e um brilho no olhar de quem desafia os próprios limites. Atualmente mora na cidade de Macaíba, Rio Grande do Norte, é assistida pela equipe CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e escreve sobre INCLUSÃO SOCIAL para a coluna de UTILIDADE PÚBLICA da Revista Núcleo Online. Gosta de conhecer o novo e descobrir a beleza da vida com a pureza de uma criança que só quer ser feliz. Aninha é apaixonada por animais (em especial os gatos). Adora escrever, deixando transparecer nas palavras toda a sua simplicidade e emoção e não se deixa abater por enfrentar preconceitos diversos e se sentir discriminada apenas por ser especial e portadora da esquizofrenia, pois acredita que também tem um valor como qualquer ser humano e quer a todo custo se sobressair diante de todas as adversidades do dia a dia.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Aline Vitória Melo de Sousa

A criação IV

O que foi criado
já foi e pronto!
Não serve mais
para o poeta.
Foi algo imprescindivelmente
necessário
mas só por alguns instante.
depois de “parido”
está morto e
imortalizado.





Breve consumo

Eu, tão facilmente cheia de tédio,
nem sei como, me dei a ti.
E conforme tu sentiste tudo,
senti tudo e sinto tudo.
E de uma forma bonita e singela,
essa forma que não nos coube,
dessa forma bela, de mãos dadas,
não nos demos.
Dessa mesma forma nos afastamos
dessa forma ficamos, findamos.
Tão efêmero e célere, mas intenso.
Foste tudo
em pouco tempo.
Foste o primeiro e o último
pensamento do dia.
Foste herói, foste bandido, foste gentil
e foste cruel.
Foste doce e foste duro, foste amável
e foste indiferente
foste tu.
Trouxe-me a vida e a morte,
o gozo e a dor.
Todos os gozos e todas as dores
que eu quis sentir.
Penetraste em mim por todas as vias,
no corpo e na alma.
Despertaste em mim desejos latentes...
Fui consumida num breve momento
por um sentimento singular
que me entontecia
que me embriagava
e que às vezes ainda insiste...
me deixo consumir.
E essa madrugada que virou rameira minha
vem toda noite e se instala em minha cama
leva meu sono e traz tua imagem
e, com ela, a insônia...





Identidade

Vira-te, move-te
volta-se e revolta-se
revolve-se.
Muda-te, transforma-te
continuas assim.
E assim serás,
um dia, a sombra,
apenas a lembrança
do que um dia fostes.



Sonho de poeta

Ter um intelecto superior
viver em outro plano
não fazer parte
da classe dos reles mortais
não ser semi-deus
ser o próprio!


A criação III

O poeta se expõe.
Se despe despudoradamente
como se despe uma prostituta.
Arreganha a alma e a mostra
como uma rosa que desabrocha.
Nu e sem pejo fica,
com isso não se importa.
A criação é maior que tudo.
Maior que os olhares alheios,
maior que as idéias alheias,
maior até,
que ele mesmo.


A dança dos amantes

É uma luta, uma dança
uma briga de criança.
Um jogo, um enlevo
um riso e um chôro.
Um mergulho gostoso
em gostosa água.
Uma virada brusca
com reflexo perfeito.
Uma corrida sem prêmio.
Uma ginástica vã.
Que finda num cansaço
de corpos quase mortos
enlanguescidos de gozo
e com saliva fresca
à borda dos lábios.



Conhece-te ao outro

Na singular e peculiar
linguagem dos amantes,
como saber algo
se o que se ouve
são sons involuntários,
palavras cortadas,
gemidos e sussurros?


O desentender

A minha lingüística sente o gosto amargo
dos teus vocábulos.
Roço devagar a ponta da língua
na tua fala oblíqua.
Desesperadamente busco a compreensão
dos sons que proferes.
Perco a noção da dicotomia saussureana
significante/significado.
É demasiado cruel compreender.
Escarlatemente converto-me em ignorante
e passo a desconhecer o meu vernáculo.





A Sá-Carneiro

Ah! Como eu queria agora
meter-me sob cobertores
e lá ficar como um doente
um pobre acamado e triste.
Queria debulhar-me em lágrimas
e desaguar a valer.
Lavar a alma
com as gélidas lágrimas
dos espelhos dela.
Rios de angústia...
Mas esses espelhos
não vertem mais.
São rios secos.
O dono deles
não as consegue expulsar
e por para fora a dor.
Tamanha dor
inexplicável dor
inexorável dor.
Dor de alma
dor de doença invisível,
incurável.
Dor que acomete o coração,
apertado, espremido,
e o juízo.
Ah! Sá-Carneiro!
Quando falas de dor
compreendo-te bem.

ALINE VITÓRIA MELO DE SOUSA (Aline Vitória) é natural de Salvador, Bahia, e reside em Santo Amaro-BA. Ela escreve desde criança, tendo, ainda na infância, enviado uma história para o concurso “Cadê a história?” promovido pela rede de supermercados “Paes Mendonça”. Assim, já se percebia certo interesse em contar e divulgar as histórias que criava. Desde então a sua escrita só tem evoluído e o gosto pela leitura foi se aprimorando. Formada em Letras Vernáculas pela UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana, atua na área da educação, lecionando Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no município onde reside e inicia um projeto de leitura de contos nas escolas públicas da região. Trata-se de um projeto de trabalho voluntário que visa aproximar a literatura dos jovens estudantes do município.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Prefácio

PREFÁCIO

Esta Antologia Poética retrata toda a beleza do encontro entre poetas anônimos, que o próprio Escritor Baiano Valdeck Almeida de Jesus, impulsionado pela sua sensibilidade, se dispôs a descobrir novos talentos sem cobrar taxa alguma aos seus conterrâneos e para os demais de outros estados e até mesmo países, apenas uma pequena contribuição. Ele retrata ainda um trabalho que além de pioneiro, visa principalmente a grande importância sócio-econômica e educativa de incentivo para os seus participantes de todo o mundo, já que estimula pessoas não conhecidas a saírem do anonimato e se tornarem conhecidas e reconhecidas por aquilo que são e escrevem. A grande meta desse projeto, não está apenas em tornar público os novos poetas, mas visa em especial a sensatez de um escritor que traz na alma a esperança de ver um Brasil cada vez melhor, pois ele, Valdeck Almeida de Jesus, acredita no potencial de todos aqueles que se tornaram parte fundamental deste livro, e, portanto, se tornaram também habilitados a seguirem sempre em frente agarrando-se a essa chance que se não foi a única, certamente foi aquela que lhe chegou no momento. Este livro traz com ele a união de um povo que acreditou no seu sonho e que por isso, não se cansou de buscá-lo deparando-se com a grande oportunidade de ver simples palavras se tornarem de repente, peça necessária para a composição de um novo livro que mostra na sua verdade, um novo tempo que se vê. Sabemos que há inúmeras dificuldades quando se tem uma meta a seguir, mas, para Valdeck Almeida de Jesus não há nada que possa detê-lo porque ele segue o seu coração e se deixa levar pela mão de Deus, procurando dar o seu melhor, assim como todos os que completam este livro. É por isso que ele existe! Confira no blog: www.literaturaecritica.blogspot.com

Ana Maria Faustino (Aninha), é assistida pela equipe-CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Macaíba/RN e escreve sobre Inclusão Social para a coluna de Utilidade Pública da Revista Núcleo Online.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2005 - Textos Vanise Vergasta

Erótico (a)

Deixa eu despir você com os meus olhos?!
Deixa eu gozar na sua boca?!
Deixa eu gozar nas suas mãos, umbigo e coxas?!
Deixa eu penetrar no seu orgasmo e multiplicadamente sentir o meu?!
Deixa eu falar baixinho ao pé do seu ouvido coisas imorais e excitantes?!
Deixa eu escorregar a minha língua no lóbulo da sua orelha esquerda?!
Deixa eu gritar, gemer, sussurrar e gritar de novo, no êxtase dos nossos orgasmos?!
Deixa eu beijar o seu umbigo, sexo e traseiro por inteiro?!
Deixa eu chorar de alegria e sorrir de saudades?!
Deixa eu ser sua, nesse momento dadivoso onde o mundo só a nós dois pertence?!
Deixa eu permanecer assim calada; quietinha, calada, quase muda e toda lambuzada?!
Deixa eu gozar de novo em silêncio e gozar de novo sem escândalos?!
Deixa eu ouvir o cantar dos pássaros ou algum zumbido; estarrecida de amor?!
Deixa eu falar para o mundo que eu te amo a todo vapor?!
Deixa amor, deixa?! Por favor... Deixa?!
Deixa eu dormir mais um pouquinho...
É tão bom sonhar fazendo amor com você e ao acordar, vivenciar tudo outra vez!!!
Deixa, vai... Deixa?!


Meu Luxuoso Casebre

Moro em várias casas,
Em vários barracos,
Em várias ruas,
Em várias avenidas,
Em várias alamedas,
Em vários condomínios, Em várias esquinas,
Em vários prédios,
Em várias mansões,
Em vários becos,
Em vários casebres...

Em todos os cantos!!!

Conto minhas tristes canções
Sinto um aperto no meu coração
E nunca um aperto de mão!!!
- Sabem quem sou?!
- Sou um “Morador de Rua”
No meio da multidão,
Em eterna e inseparável solidão.
Muitas vezes sem um pedaço de pão!!!



Tens

Tens um cheiro agreste e excitante,
Que entonteia, embriaga e deslumbra
O meu fogo de mulher no cio...
Em silêncio observo o seu passar maneiro
E olho com olhos bem gordos o seu traseiro
E me sinto nua com você
Sob o meu corpo inteiro!
Pena que nada disso é a Realidade ainda...
“Mas quem sabe amanhã, talvez, quem sabe?!”


Noite Vazia

Trio, ânsia, distância...
Vazio!
Lua, mar, poeira...
Perfume!
Cheiro seu cheiroAngústias retidas...
Você!
Na noite há tristeza
Pensando... Por quê???
Vai e volta,
Na volta e meia
Pra quê???
Noite vazia.
Sem mais E sem porquê...
Saudade só de você!!!


Amor sem consolo

Um novo amor
Nascerá e renascerá...
Júbilos primorosos
Lírios d’alma pura
Foram de pobres lágrimas
Pingos de ternura.
Sua amiga que sente
A tristeza atrevida
Implora ao teu ego
Para viver a vida...
Em um leito
Foi feito um feto
Em fetos,
Morreu a vida!


Meu medo

Tenho medo sim,
Tenho medo de magoar você,
De fazer você sofrer, fazer você chorar,
De não mais sentir o calor
Dos seus beijos, de não mais
Sentir o seu amor!
Tenho medo sim,
Que o brilho dos seus olhos se apagem
E se transforme em dor(tenho medo sim!).
Mas eu preciso acreditar em mim,
Ter coragem e esquecer
O medo, a tristeza, a dor...
Preciso sorrir e pausar em você,
Sem medo, ou então, quem sabe,
Esquecer o meu medo e pensarS
ó em nós dois!
Tudo isso porque eu ainda
Te amo muito, meu amor!



Deus

Procurei um amigo
E não encontrei!
Procurei paz
E não achei!
Procurei o chão
E não pisei!
Procurei um caminho
E no meio do caminho, fiquei!
Procurei uma rosa e só encontrei...
Espinhos... e me furei!
Procurei um jardim e vi
Um cemitério de vivos-mortos(gente e bichos!).
Procurei um Deus
E quando já ia desistindo...
Você, minha filha,
Nasceu em mim,
Nasceu para mim
E para mim está vivendo!
Eu te amo!


Ser amigo

Ser amigo é:
Estar presente em todos os momentos...
Na alegria ou na tristeza,
Na paz ou na agonia,
Na tranqüilidade ou no desespero,
No amor ou no ódio,
Na fartura ou na pobreza...
Ser amigo é:
Doar o ombro,
O coração,
A alma,
O espírito e
O infinito SER!!!



Silêncio Total

É silêncio...
Silêncio total!
Ouço as batidas
Do meu coração
Flui na minha mente
Idéias vazias
Vontades tardias
De me embriagar,
Da fragrância suave
Que envolve seu corpo
E trás na minha alma
Um doce prazer!
Vontades tão podres
De gestos tão nobres
Só para você!
O momento é chegado
O momento é esperado
O momento é passado,
Nada mais posso dizer:
- MORRI –


Minha Mãe

Amanhece o dia
União e paz
Raios de luz
Estrela guia
Luz natural
Imensa paz
Casais de pássaros
Esperança e vida!
Amar você
Livre, sem obstáculos.
Vagarosamente, lentamente, pausadamente...
Esperar o outro dia para,
Saudar cada manhã, cada amanhecer!
Você mãe, me transmite paz
Esperança e alegria
Raios de luz, sol da manhã
Gosto muito de você. Eu te amo!
Amo você com toda a intensidade do meu ser,
De minha alma, do meu prazer
Tantas vezes estivemos separados,
Agora é hora, chega de brincar de amar!
Te amo verdadeiramente!


Que Delícia de Homem

Que delícia de homem é esse
Que chega com essa boca carnuda,
Com essas mãos de luva,
Com esse corpo ardente,
Com esse sexo quente!!!
Que delícia de homem é esse
Que me fez carinhos
E com seus desalinhos
Me desarma toda!!!
Que me beija a boca,
Arranca minha touca,
Me vira pelo avesso
Com esse seu jeito
Todo especial de me amar.
Que delícia de homem é esse
Que chega de mansinho,
Me fazendo mil carinhos,
Me deixando toda orgasmada,
Com esse seu jeito todo especial
De me tocar, de me afagar,
De me acarinhar, de me querer bem,
De me fazer MULHER!
Que delícia de homem é esse
Que ri, que chora, que toca,
Que anda, que fala, que cala...
E quando se calaJá disse tudo, mesmo antes de chegar!!!
Que delícia de homem que é VOCÊ!!


Vanise Vergasta - Apresentar um poeta ao público leitor não é uma tarefa fácil. Poesia está fora de moda, como sensibilidade, amor ao próximo, solidariedade (despretensiosa), carinho, respeito, direitos humanos, dignidade, perseverança...

Conheci a poetisa Vanise através do amigo Lázaro Ramos. Vanise é uma pessoa daquelas que você passa na rua e percebe pela beleza, pelo sorriso, pelo carisma. Mas não se pode imaginar que por trás de uma pessoa tão forte, tão determinada, possa existir alguém tão romântica e sensível, a ponto de chorar ao ler uma história de alguém que ela acabou de conhecer. Pois é. Esta é a Vanise Vergasta que conheço! Uma pessoa que trabalha diuturnamente com emoções, que lapida emoções alheias, que garimpa palavras e que tem “de cor e salteado”, todas as suas mais de quatrocentas poesias. E olhe que ela se lembra das vígulas, dos pontos, das cedilhas, e também da data em que escreveu cada poema... Uma memória formidável. E uma MEMÓRIA dessa não pode e nem deve ser deixada de lado (como se faz com nosso patrimônio arquitetônico, artístico e cultural). Deve ser registrada, resgatada, publicada, antes que o tempo se encarregue de varrer para o passado distante.

Como eu falaria de Vanise? Falaria do livro “VI(vi) Vidas (no prelo)? Falaria da sagitariana de 05 de dezembro de 1961? Da Vanise que trabalha como voluntária no Projeto Criamundo do Hospital Juliano Moreira? O que eu falaria? De seus poemas, de sua memória extraordinária, de tudo o que já falei anteriormente, sem ser redundante e repetitivo? Eu declamaria aqui, LENDO (lógico, não tenho a memória que ela tem!) cada um dos seus poemas, e mesmo assim acredito que ainda faltaria muita coisa para ser dita. Pois esta poetisa de nascença (escreve desde os nove anos de idade) é um poço sem fundo de emoções, de talento e de inspiração, de onde surgem poesias como “Meu Casebre” (confira no livro) que fala do sonho da casa própria e de tantos outros que trazem à tona toda a beleza que somente uma mulher pode externar. Vanise é mãe, é filha, é BOAdastra (não gosto da palavra MAdrasta), é vizinha, é amiga, é voluntária de um projeto social, ela é Vanise Vergasta. A Bahia está sabendo, agora, que existe uma nova estrela no céu do nosso Estado e que essa estrela, medrosa de não conseguir ser vista, busca refúgio em seu mundo literário e artístico... Não se esconda Vanise, esta é a hora de você dizer pra que veio, nesse Brasil que teima em ser insensível a pedras preciosíssimas como você, que nem mesmo necessita de lapidação!

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2005 - Textos Cristiane M. Lopes Ramos

Cópia ou Replágio

Porque gosta
Transa
Traça
Porque ama
Pega
Toma
- Trejeitos –
Porque assanha
Minha alma vaga
Soturna na noite vaga
Sola solimbando
Manuel
E barrando.



No meu pensamento

No meu pensamento irrefletido
Ecoa teu olhar partido
Teu olhar inflexível vidro
Ou olhar de mendigo bêbado
Ou olhar vago e úmido.

No meu pensamento partido
Escorre teu mel poluído
Tua seiva, tua selva em pêlo
Teu nada que me deste nunca
E o nada que ofertei em sonho.

Ecoam em meus olhos ícaros sem asas
Que plainam rumo
Ao teu brilho longínquo (puro)
Ao teu brilho de mel refletido
Ao reflexo do tempo esquecido.




Trem da Madrugada

Hoje
Paro e reflito
O que me sacia
Não é carne não é leite
Não é doce não é água
É um naufragar
Um suar, um suor
Uma brancura deleitada
Um mel no seio da madrugada



Hoje
O que me sufoca
Não são teus verdes olhos idos
Nem me plagiar posso
Não consigo
O que sufoca
São gotas de palavras tortas
Semi-nuas e suadas
Pois o calor abafa meu pensamento
Meu sexo, meus sentidos
Meus sentimentos, meus medos
E então eu digo
Porque quero
Pois é preciso
Pois é sublime
Não dizer nada
dizendo tudo
O que não minto
Apenas
Que ontem e hoje
Me possuo
E amanhã,
Me recrio
E não paro e não perco
O trem da madrugada...

Cristiane M. Lopes Ramos - Nascida a 04.12.1970, poetisa e pianista, realizou vários cursos de especialização em técnica e interpretação pianística. Cursou o ensino fundamental em Morungaba/SP e o ensino médio em Itabita/SP, tendo como professores de Português os escritores Aércio F. Consolim e Ricardo Leite. Escreve poemas desde os 17 anos de idade. Participou da antologia Miramar Shopping, de Santos/SP. Tem trabalhos publicados no jornal O Menestrel, de Amparo/SP. Seu primeiro livro foi publicado em 2000, pela Editora Literarte, de Jundiaí, intitulado “Um poema no meu caminho”. Obteve classificação em 2° lugar no concurso de crônicas e poesias do jornal de Itatiba/SP, em 2005. Bacharela em Direito e professora em Morungaba/SP.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2005 - Textos Márcio César Pelisson

Origens

De um velho canto
De demônio
Que dizia: fogo
Mas: água
É que se criou
O
Espírito do luar.

De um velho canto
De anjo
Que dizia: asas
Mas: chão
É que se criou
O
Espírito da terra



Elegia as sombras

Por que a morte vem muito antes da morte
Por que as flores secam muito antes que flores
De onde virá essa plena certeza?
Esse rápido gozo sob um pequeno palmo vegetal?

Por que a morte vem muito antes da morte
E o sonho morre muito antes do sono
De onde virá essa dança funérea dançada em vida
Onde anjos e demônios comungam de algo perdido
Uma tocha? Um tesouro?
Ou fino cristal perdido na chuva?



As Putas São Santas

As putas são santas perdidas no mar dos desejos eretos
Branca a porra e a noite
Branca a lua e a noite
Branca a lira e a morte
Branca a lua e a sorte
Branca a palavra e a dança
Que mal há em se amar
1, 2, 10, 1000... 100.000,
1.000.000 ou mais?
Uns poucos dias a mais ou a menos nada contam
Na vastidão do nada
Viva as putas!
Porque podem cobrar
Mas cobram apenas seu preço, não sacrificando,
Como o rei e seus amigos,
O restante do povoado do sol.


Márcio César Pelisson - Nascido em 1972, escreve desde os dezenove anos. Autor dos livros de poemas “Alarde”, 1996, e “Vênus e Outros Poemas”, 1988, ambos pela Scortecci Editora, São Paulo. Menção Honrosa com o poema “999”, no Mapa Cultural em 2005.

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2005 - Textos Manoel Mário Reis Bittencourt

A Cidade dos Livros

Tudo era livros
A lua que aparecia no céu era um livro
Cada raio de sol era um livro
As casas eram livros com portas e janelas
A escola era um livro enorme
Com seres encantados e engraçados
Os pássaros eram livros que voavam
O caminho para se chegar a essa cidade era assim:
A estrada era livro
As flores que enfeitavam o caminho eram livros...
As pessoas que habitavam a cidade eram leitores
Enfim, a cidade dos livros
Era livre...



Sonhei com uma árvore de livros

Sonhei...
Com uma árvore
Uma árvore de livros...

Livros mágicos
Livros iluminados
Livros encantados
Livros que falavam
Livros que nadavam
Livros que sorriam
Livros que brincavam
Livros que cozinhavam
Livros que compreendiam
Livros que eram pães
Livros que eram frutos
Livros que eram paz
Livros que eram luz...

Que sonho!
Que árvore iluminada...





Ler livros... ler a vida...

Ler um livro é:
Dar a volta ao mundo
Sem sair do lugar...

Ler livro é:
Olhar para o céu
E tocar nas estrelas...

Ler livros é:
Acordar cedo
E ver o sol nascer...

Ler livros é:
Jogar
E ser campeão...

Ler livros é:
Ir ao fundo do mar
Ver os peixes nadarem...



Livro

É conhecimento
É pesquisa
Através do livro.
Eu posso ir ao Japão
Apenas segurando um livro na minha mão...
Conheci algumas pessoas como:
Um menino que usava uma panela na cabeça
E gostava muito de ler;
A encantadora Rapunzel
Com cabelo encantador
Doce como mel;
Chapeuzinho Vermelho
E um lobo mau que não lê jornal.
Olhem só, quanta amizade que fiz...
Quanta cultura adquiri
Segurando um livro nas minhas mãos...



Um varal de livros...

Um varal de livros...
Estendi a roupa no varal,
Roupas-livros,
Uma calça-livro,
Que não entra no meu pé;
Uma blusa-livro,
Que servia pro seu Zé;
Uma cueca-livro,
Com cheirinho de café;
Um terno-livro,
Que fica certo para o André;
Uma meia-livro,
Sem catinga de chulé;
Um tênis-livro
Que cantava
A música do mestre André;
Uma luva-livro
Que ficava certinha
Para uma mão
Que segurava a cultura...



Os animais livros e livres...

Os animais livros
Os animais livres...
Borboletas livros
Borboletas livres...
Beija-flores livros
Beija-flores livres...
Canários livros
Canários livres...
Tico-ticos livros
Tico-ticos livres...
Sabiás livros
Sabiás livres...
Tucanos livros
Tucanos livres...
Araras livros
Araras livres...
Animais livres
Animais em livros...




A Carona especial... na asa de um livro

Peguei carona
Na asa de um pássaro...
O pássaro era um livro
O livro era um pássaro...
A asa era uma folha
A folha era uma asa.
O infinito era um livro
O livro era o infinito
O ar era letras
As letras eram o ar.
O cantar do pássaro eram palavras
As palavras eram o cantar do pássaro.
O livro era música
A música era o livro
Com famosas melodias
Que traziam cultura
Para cada dia.


Manoel Mário Reis Bittencourt
10 anos
5ª Série
Escola de Educação Básica Professora Minervina Laus
Canelinha/SC