quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2005 - Textos Vanise Vergasta

Erótico (a)

Deixa eu despir você com os meus olhos?!
Deixa eu gozar na sua boca?!
Deixa eu gozar nas suas mãos, umbigo e coxas?!
Deixa eu penetrar no seu orgasmo e multiplicadamente sentir o meu?!
Deixa eu falar baixinho ao pé do seu ouvido coisas imorais e excitantes?!
Deixa eu escorregar a minha língua no lóbulo da sua orelha esquerda?!
Deixa eu gritar, gemer, sussurrar e gritar de novo, no êxtase dos nossos orgasmos?!
Deixa eu beijar o seu umbigo, sexo e traseiro por inteiro?!
Deixa eu chorar de alegria e sorrir de saudades?!
Deixa eu ser sua, nesse momento dadivoso onde o mundo só a nós dois pertence?!
Deixa eu permanecer assim calada; quietinha, calada, quase muda e toda lambuzada?!
Deixa eu gozar de novo em silêncio e gozar de novo sem escândalos?!
Deixa eu ouvir o cantar dos pássaros ou algum zumbido; estarrecida de amor?!
Deixa eu falar para o mundo que eu te amo a todo vapor?!
Deixa amor, deixa?! Por favor... Deixa?!
Deixa eu dormir mais um pouquinho...
É tão bom sonhar fazendo amor com você e ao acordar, vivenciar tudo outra vez!!!
Deixa, vai... Deixa?!


Meu Luxuoso Casebre

Moro em várias casas,
Em vários barracos,
Em várias ruas,
Em várias avenidas,
Em várias alamedas,
Em vários condomínios, Em várias esquinas,
Em vários prédios,
Em várias mansões,
Em vários becos,
Em vários casebres...

Em todos os cantos!!!

Conto minhas tristes canções
Sinto um aperto no meu coração
E nunca um aperto de mão!!!
- Sabem quem sou?!
- Sou um “Morador de Rua”
No meio da multidão,
Em eterna e inseparável solidão.
Muitas vezes sem um pedaço de pão!!!



Tens

Tens um cheiro agreste e excitante,
Que entonteia, embriaga e deslumbra
O meu fogo de mulher no cio...
Em silêncio observo o seu passar maneiro
E olho com olhos bem gordos o seu traseiro
E me sinto nua com você
Sob o meu corpo inteiro!
Pena que nada disso é a Realidade ainda...
“Mas quem sabe amanhã, talvez, quem sabe?!”


Noite Vazia

Trio, ânsia, distância...
Vazio!
Lua, mar, poeira...
Perfume!
Cheiro seu cheiroAngústias retidas...
Você!
Na noite há tristeza
Pensando... Por quê???
Vai e volta,
Na volta e meia
Pra quê???
Noite vazia.
Sem mais E sem porquê...
Saudade só de você!!!


Amor sem consolo

Um novo amor
Nascerá e renascerá...
Júbilos primorosos
Lírios d’alma pura
Foram de pobres lágrimas
Pingos de ternura.
Sua amiga que sente
A tristeza atrevida
Implora ao teu ego
Para viver a vida...
Em um leito
Foi feito um feto
Em fetos,
Morreu a vida!


Meu medo

Tenho medo sim,
Tenho medo de magoar você,
De fazer você sofrer, fazer você chorar,
De não mais sentir o calor
Dos seus beijos, de não mais
Sentir o seu amor!
Tenho medo sim,
Que o brilho dos seus olhos se apagem
E se transforme em dor(tenho medo sim!).
Mas eu preciso acreditar em mim,
Ter coragem e esquecer
O medo, a tristeza, a dor...
Preciso sorrir e pausar em você,
Sem medo, ou então, quem sabe,
Esquecer o meu medo e pensarS
ó em nós dois!
Tudo isso porque eu ainda
Te amo muito, meu amor!



Deus

Procurei um amigo
E não encontrei!
Procurei paz
E não achei!
Procurei o chão
E não pisei!
Procurei um caminho
E no meio do caminho, fiquei!
Procurei uma rosa e só encontrei...
Espinhos... e me furei!
Procurei um jardim e vi
Um cemitério de vivos-mortos(gente e bichos!).
Procurei um Deus
E quando já ia desistindo...
Você, minha filha,
Nasceu em mim,
Nasceu para mim
E para mim está vivendo!
Eu te amo!


Ser amigo

Ser amigo é:
Estar presente em todos os momentos...
Na alegria ou na tristeza,
Na paz ou na agonia,
Na tranqüilidade ou no desespero,
No amor ou no ódio,
Na fartura ou na pobreza...
Ser amigo é:
Doar o ombro,
O coração,
A alma,
O espírito e
O infinito SER!!!



Silêncio Total

É silêncio...
Silêncio total!
Ouço as batidas
Do meu coração
Flui na minha mente
Idéias vazias
Vontades tardias
De me embriagar,
Da fragrância suave
Que envolve seu corpo
E trás na minha alma
Um doce prazer!
Vontades tão podres
De gestos tão nobres
Só para você!
O momento é chegado
O momento é esperado
O momento é passado,
Nada mais posso dizer:
- MORRI –


Minha Mãe

Amanhece o dia
União e paz
Raios de luz
Estrela guia
Luz natural
Imensa paz
Casais de pássaros
Esperança e vida!
Amar você
Livre, sem obstáculos.
Vagarosamente, lentamente, pausadamente...
Esperar o outro dia para,
Saudar cada manhã, cada amanhecer!
Você mãe, me transmite paz
Esperança e alegria
Raios de luz, sol da manhã
Gosto muito de você. Eu te amo!
Amo você com toda a intensidade do meu ser,
De minha alma, do meu prazer
Tantas vezes estivemos separados,
Agora é hora, chega de brincar de amar!
Te amo verdadeiramente!


Que Delícia de Homem

Que delícia de homem é esse
Que chega com essa boca carnuda,
Com essas mãos de luva,
Com esse corpo ardente,
Com esse sexo quente!!!
Que delícia de homem é esse
Que me fez carinhos
E com seus desalinhos
Me desarma toda!!!
Que me beija a boca,
Arranca minha touca,
Me vira pelo avesso
Com esse seu jeito
Todo especial de me amar.
Que delícia de homem é esse
Que chega de mansinho,
Me fazendo mil carinhos,
Me deixando toda orgasmada,
Com esse seu jeito todo especial
De me tocar, de me afagar,
De me acarinhar, de me querer bem,
De me fazer MULHER!
Que delícia de homem é esse
Que ri, que chora, que toca,
Que anda, que fala, que cala...
E quando se calaJá disse tudo, mesmo antes de chegar!!!
Que delícia de homem que é VOCÊ!!


Vanise Vergasta - Apresentar um poeta ao público leitor não é uma tarefa fácil. Poesia está fora de moda, como sensibilidade, amor ao próximo, solidariedade (despretensiosa), carinho, respeito, direitos humanos, dignidade, perseverança...

Conheci a poetisa Vanise através do amigo Lázaro Ramos. Vanise é uma pessoa daquelas que você passa na rua e percebe pela beleza, pelo sorriso, pelo carisma. Mas não se pode imaginar que por trás de uma pessoa tão forte, tão determinada, possa existir alguém tão romântica e sensível, a ponto de chorar ao ler uma história de alguém que ela acabou de conhecer. Pois é. Esta é a Vanise Vergasta que conheço! Uma pessoa que trabalha diuturnamente com emoções, que lapida emoções alheias, que garimpa palavras e que tem “de cor e salteado”, todas as suas mais de quatrocentas poesias. E olhe que ela se lembra das vígulas, dos pontos, das cedilhas, e também da data em que escreveu cada poema... Uma memória formidável. E uma MEMÓRIA dessa não pode e nem deve ser deixada de lado (como se faz com nosso patrimônio arquitetônico, artístico e cultural). Deve ser registrada, resgatada, publicada, antes que o tempo se encarregue de varrer para o passado distante.

Como eu falaria de Vanise? Falaria do livro “VI(vi) Vidas (no prelo)? Falaria da sagitariana de 05 de dezembro de 1961? Da Vanise que trabalha como voluntária no Projeto Criamundo do Hospital Juliano Moreira? O que eu falaria? De seus poemas, de sua memória extraordinária, de tudo o que já falei anteriormente, sem ser redundante e repetitivo? Eu declamaria aqui, LENDO (lógico, não tenho a memória que ela tem!) cada um dos seus poemas, e mesmo assim acredito que ainda faltaria muita coisa para ser dita. Pois esta poetisa de nascença (escreve desde os nove anos de idade) é um poço sem fundo de emoções, de talento e de inspiração, de onde surgem poesias como “Meu Casebre” (confira no livro) que fala do sonho da casa própria e de tantos outros que trazem à tona toda a beleza que somente uma mulher pode externar. Vanise é mãe, é filha, é BOAdastra (não gosto da palavra MAdrasta), é vizinha, é amiga, é voluntária de um projeto social, ela é Vanise Vergasta. A Bahia está sabendo, agora, que existe uma nova estrela no céu do nosso Estado e que essa estrela, medrosa de não conseguir ser vista, busca refúgio em seu mundo literário e artístico... Não se esconda Vanise, esta é a hora de você dizer pra que veio, nesse Brasil que teima em ser insensível a pedras preciosíssimas como você, que nem mesmo necessita de lapidação!

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