quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2006 - Texto Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho

Para Nicy, Keller, Delícia.

Sinto saudade do ritmo sensual
e aconchegante de tua dança,
do teu olhar carinhoso e de teu alto astral.
Da brisa que toca o teu cabelo e balança.
Do teu doce e afetuoso abraço,
De cada beijo, de cada mordida,
De cada desejo e de cada amasso...

Os melhores momentos da vida
são aqueles que deixam saudades,
que procuram recriar realidades
na reconstituição da memória,
no recorte marcante da história,
na busca do passado no agora.

A saudade tem às vezes um ritmo rápido,
que faz estremecer e acelerar o coração.
Outras vezes tem um ritmo lento como
a brisa do final da tarde, os raios do sol
ao amanhecer ou o pensamento expresso
na face de uma pessoa à espera do seu amor....



Deusa Encantada

A noite é minha poesia calada.
A juventude é minha luta cantada.
A vida, a vida é minha piada.
A natureza é minha namorada
E natureza há uma coisa admirada:
A menina.
Menina de sorriso apaixonado.
Menina de olhar parado.
Menina-deusa entre as deusas adoradas.
Deusa-encantada.


JEQUITE-FOI

Jequi-foi chão pisado pelos carros de bois que passavam com seu chiado bonito pelo Curral dos Bois.
Jequi-foi pousada de tropeiros, flagelados e boiadeiros que do Porto-Terra saiam pelo sertão inteiro.
Jequi-foi abrigo dos caboclos cotoxós e mongoiós que só eu ouvirem falar no desbravador João Gonçalves da Costa saiam do Sertão da Ressaca para dentro da mata.
Jequi-foi terra de homens humildes: do vassoureiro que vendia suas vassouras para os mateiros, da apanhadeira de água e do raizeiro com seu remédio caseiro. Gente que soube enfrentar a seca e a enchente como quem aprende a cantar.

Jequié Cidade Sol que vive sempre a brilhar parece que seus raios querem dizer que teu povo precisa se libertar.
Jequié menino de pés no chão.
Jequié Rio das Contas cheio de poluição.
Jequié terra esquecida.
Jequié povo sem vida.
Jequié gente que sabe o que quer: terra, educação, comida e café.

Jequi-será quando o povo se organizar.
Jequi-será quando teus poetas e teus artistas se organizarem e começarem a falar do teu povo folclórico, do teu histórico e lutar pela cultura popular.
Jequi-será quando o estudante se organizar e lutar para o ensino melhorar.
Jequi-será quando a mulher se organizar e começar a lavar a sujeira e a exploração que hão de se acabar.
Jequi-será quando o pescador se organizar e em seu jequi peixe bom pegar.
Jequi-será quando o sertanejo se organizar e começar a contar a história do povo jequieense: que tudo vence.
Nesse dia um novo sol vai brilhar e o povo de Jequié vai sair pelas ruas a cantar.
E a liberdade vai chegar.
E o povo de Jequié vai ensinar que é preciso sempre lutar!


Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho é membro-fundador e 2º vice-presidente da Academia de Letras de Jequié. É o mais jovem acadêmico entre os atuais nomes que compõem a ALJ e um dos mais jovens do Brasil e do mundo a ingressar em uma Academia de Letras.
Autor do romance O Fogo do Povo e do conto Pura, Domingos Ailton tem vários poemas publicados em diversas coletâneas, a exemplo de Jequié: Poesia e Prosa. Estão publicados em anais de congressos científicos em livros de conteúdo acadêmico vários resumos de seus trabalhos de pesquisa, a exemplo de “A Recuperação de Palavras da Língua Pataxó-hã-hã-hãe 500 Após a Chegada dos Portugueses nas Terras Indígenas”, no livro Percursos da Memória – Construções do Imaginário Nacional (lançado no Brasil e na Polônia), “Tradições dos Ternos de Reis”, no livro “Fragmentos de Memória de Vitória da Conquista e Região e “José de Sá Bittencourt”, em Vultos Históricos (Revista da Academia de Letras de Jequié). São Também de sua autoria os documentários em vídeo “Rio das Contas: potencialidade e poluição, “Lapa: a Fé do Sertão” e o “Trezenário de Santo Antônio”, a peça teatral Agenda 21. Que Bicho é Este? e em 2004 obteve o 1º lugar na categoria sênior do concurso de redação Qual a Jequié que Queremos?. Jornalista e editor do jornal O ECOLÓGICO. Licenciado em Letras, especialista em Literatura e Ensino da Literatura pela UESB e mestre em Memória Social e Documento pela da Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professor da UNEB – Campus XXI.

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