quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2005 - Textos Valdeck Almeida de Jesus

Mãe

É universal
Tua mãe é minha
Minha mãe é tua.

11.12.2005
Calçada
P/ Tico



Sentimentos reciclados

Um par de alianças
Um trio-elétrico
Uma fechação que está contida
Um desejo/sonho publicado
Em cima de um trio.

Depois de tudo: um caminho,
Pedras, lombadas e curvas perigosas;
Achamos que temos o controle
Do leme e seguimos voando
Por mares nunca antes navegados.

Descobertas, medos escondidos
Sentimentos ressucitados
Crucificamos a caretice
E o preconceito assassino.

11.12.2005
CalçadaP/ Tico



Fronteiras

O Brasil possui milhares de quilômetros de fronteiras com outros países latinos. Apesar disso, e de essas fronteiras serem transponíveis, não falamos a mesma língua. Além das fronteiras entre esses países e a fronteira da língua propriamente dita, há outras fronteiras internas.
Há a limitação do acesso a "outros mundos", a outras realidades. A pobreza é um limitador; a cor da pele é outro limitador; o nível cultural e o estado de origem são outros limitadores.
Os currais eleitorais nascem dessas limitações naturais ou impostas ao povo. E, se a pobreza do norte/nordeste é um terreno fértil para o estabelecimento desses mecanismos de controle das massas, as regiões mais abastadas não ficam a dever, pois ali também há pobreza e falta de interesse público em resolver os problemas crônicos da população. Dessa forma, fica fácil manobrar e fica fácil também para as castas dominantes se perpetuarem no poder, à custa de uma população surda, cega e muda.
A história se repete, em ciclos previamente estabelecidos (pelos dominadores), e as fronteiras se solidificam. Enquanto os muros vão sendo destruídos mundo afora, aqui no Brasil esses muros se concretizam cada vez mais, a cada dia, muros esses que são muito mais difíceis de serem derrubados ou minados, pois são muros auto-alimentados e alicerçados no analfabetismo funcional e na cidadania de terceira categoria.
Agora fica a pergunta no ar: até quando? Até quando o povo silente permitirá que sua própria sorte seja jogada por mãos alheias?
Valdeck Almeida de Jesus
13.11.2005 - São José do Jacuípe/BA
Valdeck Almeida de Jesus, organizador dessa antologia, já possui vários livros publicados, entre eles “Feitiço Contra o Feiticeiro”, poesias e “Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, autobiografia. Natural de Jequié/Ba, vive em Salvador desde 1993, onde fez cursos de inglês, espanhol, teatro e informática.

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